De vez em quando ressurge numa rede social a piada do telefonema para o hospital em que a pessoa solicita informações sobre o estado clínico de um paciente e ao final se identifica como o próprio paciente que não consegue saber sobre si diretamente da equipe.
Ressalvada a antieticidade da informação pelo telefone, ela não deixa de reproduzir algumas situações verídicas. Cabe o valor do oxímoro: A frieza (no lidar com a ciência) calorosa (no lidar com o humano) do médico na conexão com o paciente.
O que Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) disse para uma nação, aplica-se à conexão médico-paciente na beira do leito: O fluxo constante e livre de comunicação entre nós – permitindo o livre intercâmbio de ideias – forma a própria corrente sanguínea de nossa nação. Mantém a mente e o corpo da nossa democracia eternamente vitais, eternamente jovens.
A Bioética da Beira do leito entende útil considerar que o atendimento às necessidades de saúde de um paciente estabelece-se como uma sucessão de planejamentos e concretizações de objetivos. A sequência de realizações sustentada pelo estado da arte deve ser acompanhada de eficiente comunicação sobre representações, o médico sobre o que a medicina representa para o caso, o que métodos significam em relação a objetivos, e o paciente sobre o que eles representam para si em consonância com objetivos, desejos, preferências e valores a que tem direito de manifestar.
A comunicação médico⇔paciente constitui-se, pois, numa linguagem representacional no sentido de falar sobre o que conhece e que se ajusta à situação e numa linguagem ideológica porque inclui ideias. Há a linguagem verbal e a não verbal. Escolha das palavras, organização da fala, enquadramento no contexto, vocalização e expressões não verbais do médico fazem diferença, o conjunto molda uma impressão e a captação da mesma pelo paciente impacta em cada o que o que será que o médico quis dizer?, o que é que o médico quer fazer?, devo ou não consentir?.