É essencial o médico contemporâneo conscientizar-se para seu trabalho rotineiro seja ético que ele não possui a medicina e numa forma autoritária (o que seria um narcisismo maligno), ele aplica a medicina (narcisismo benigno, inclusive porque tem limites), estar treinado para tolerância ao mal-estar. Por outro lado, o médico atual precisa equilibrar uma situação de presenteismo – faz o estritamente necessário – e de uberização – ampla disposição ao usuário da medicina.
Numa concepção de transdisciplinaridade, a Bioética procura preencher vazios interdisciplinares, contribuindo para que as assimilações aconteçam ao mesmo tempo através das diferentes disciplinas e além das mesmas, numa visão de abertura que inclui não somente tecnociência, como também arte, literatura e espiritualidade, bem como um olhar relativo das noções de definição e objetividade.
A autenticidade por uma cultura diversificada, ao amalgamar recortes disciplinares energizantes de uma força intelectual vantajosa faz com que as infinitas realidades da beira do leito possam ser mais bem interpretadas, pois de modo mais completo em seus ângulos de visão. Por exemplo, a conclusão de superioridade de um fármaco inovador na pesquisa clínica, em relação tanto ao objetivo primário, quanto à melhor proteção de órgãos-alvo, é uma realidade disciplinar (respeito a normas da pesquisa) que passa à assistência com implicações éticas e morais – atualização em diretrizes clínicas, prioridade prescritiva.
A realidade da superioridade estatística de beneficência incorporada ao estado da arte convive, no entanto, com outras realidades da mesma pesquisa clínica como maleficências associadas e inferioridade numa percentagem minoritária de casos em relação à droga antiga-controle. Significa que efeitos negativos do fármaco inovador não devem ser interpretados como contradições aos positivos, o sal validado para uso convive com o bem e o mal, como se fora um elemento constituído por dois integrantes com potencialidades distintas. Assim, a concepção de níveis distintos de realidade nos métodos aplicáveis no ecossistema da beira do leito facilita a compreensão assistencial de provocar ou não resultados benéficos pretendidos. Memória e imaginação que no nível psíquico permite voltar no tempo e projetar-se para o futuro são elementos-chaves para a validade da noção, o que pode ser simplificado coo experiência.
Bioamigo, até agora mencionamos a incorporação na Bioética da Beira do leito das noções extra tecnociência na saúde representadas por Rip Van Winkle, narcisismo e o pensamento da transdisciplinaridade – não contradição entre beneficência e maleficência em mesmo método. Há muito mais.