I
O ecossistema da beira do leito faz aflorar a sensação de hiperestesia clínica, a impulsão que nasce nos textos, cresce na aliança com o doente e amadurece no compromisso ético.
É legítimo formador de opinião profissional. Nele o jovem médico aplica-se à medicina.
II
A beira do leito representa uma adição aos locais de existência habituais de um ser humano. Ela deve ser vista em continuum com os demais lugares frequentados pelo jovem médico e pelo paciente.
A beira do leito não é uma ilha. Muito menos uma ilha da Fantasia.
III
A beira do leito é local de cooperação sob coordenação. O paciente acha-se em trânsito, com sua bagagem psicossocial, os seus saberes, as suas crenças e as suas realidades.
A quebra do cotidiano pela doença lhe exige ajustes, a inclusão no novo ambiente sem perda da sua personalidade. Ele tem a expectativa de estar vivenciando um parêntese na sua rotina.
Ao fechá-lo, com a alta, é grande a probabilidade de retornar ao cotidiano com roturas em seus hábitos.
IV
A beira do leito é multimídia que se expressa por dialetos. A comunicação é formada com palavras de capítulos de livro e gramática de valores do ser humano.
Ter a alfabetização no maior número deles facilita tornar inteligíveis os acasos da beira do leito.
V
A beira do leito forja três duplos sentidos:
a) do obrigado: dever de fazer pela medicina e gratidão pelo sentido humano na aplicação;
b) do cuidado: praticar o necessário com redobrada atenção;
c) do apuro: enfrentar dificuldade com destreza.