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1648- Autonomia e heteronomia no ecossistema da beira do leito (Parte 14)

Esta diferença articula-se a um aspecto ético/moral que pode ser resumido na inadequação de uma evolução do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para uma realidade  de Assine Aqui, num momento nada propício para que o paciente se debruce e avalie item por item e tenha eventuais dúvidas esclarecidas por profissional capacitado para tal, uma evidente distorção do valor de representatividade do paciente de fato esclarecido.

Bioamigo, é consenso que o médico contemporâneo, cada vez mais impactado por renovadas proporções entre o clássico e a inovação, é incapaz de dominar o bom exercício da medicina sem reflexão, sem escolhas conscientes, sem comparações e sem atenção ao social. É essencial o médico bem qualificar-se à multiplicidade de impactos da reprodução de diretrizes clínicas, ou seja, distanciar-se de qualquer simplificação de mero transcritor acrítico de diretrizes clínicas na beira do leito.

A missão cotidiana de ouvir o paciente, falar com ele, dialogar com interesse vai muito além das clássicas formalidades da anamnese. A Bioética da Beira do leito sugere que esteja sempre na memória do médico um artigo do Código de moral médica de 1929 pelo reforço pedagógico a um “nunca mais deste jeito” no Brasil, haja vista as inevitáveis assimetrias entre ser/estar/ficar médico e ser/estar/ficar paciente: Os enfermos não devem fatigar o médico com narrações de circunstancia e fatos não relacionados com afecção. Portanto, neste ponto, limitar-se-ão a responder em termos precisos as perguntas que se lhe dirijam, sem estender-se em explicações ou comentários que, longe de ilustrar, tendem mais a obscurecer a opinião do médico.

A Bioética da Beira do leito comunga com o pensamento universal que os objetivos da medicina neste século XXI associam fins de recuperar/controlar órgão/estrutura doente, preservar órgão saudável e evitar agravar comorbidade aos meios disponíveis para grande número de circunstâncias pelo alto potencial de beneficência não isenta de adversidades em variadas intensidades. As judiciosas apreciações da relação risco de adversidade/benefício são imperiosidades da conexão médicopaciente que permeiam o modelo profissional ético.

A realização de benefícios e a evitação de malefícios conforme previstos por textos disciplinares da medicina sofrem influências multidimensionais no mundo real do ser humano em que se incluem destaques da interlocução médicopaciente como esclarecimentos tecnocientíficos por aquele e  (não)consentimento por este. A Bioética da Beira do leito, neste contexto, chama a atenção para o uso da palavra propriedade na beira do leito, inconveniente sobre a medicina para o médico e conveniente sobre o corpo do paciente a ser cuidado.

 

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