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1647- Autonomia e heteronomia no ecossistema da beira do leito (Parte 13)

A Bioética da Beira do leito ressalta que a energia que move o médico no sentido da beneficência/não maleficência precisa ser sensível às realidades do mundo real, ou seja, ele deve reconhecer há limites para as realizações que impedem o ideal. Em outras palavras, o objeto do exercício profissional do médico é o que ele pode vir a de fato produzir no mais alto nível de excelência, jamais se vendo no espelho como alguém que associa a identidade profissional a um esplendor profissional de “proprietário” da tecnociência, posse que lhe excluiria qualquer espaço para admitir “correções” leigas.

São múltiplas as variáveis presentes num atendimento médico mesmo classificável como simples. O bioamigo sabe bem como o ecossistema da beira do leito convive com movimentos habituais da atenção às necessidades de saúde individuais e coletivas da sociedade no âmbito do Pentágono da Beira do leito. Eles incluem diagnóstico, terapêutica, prevenção, indicação, não indicação, contraindicação, cura, controle clínico, não agravamento de comorbidade, adversidades, conduta expectante, conduta intervencionista, prognóstico, eletividade, urgência, emergência. Demandam raciocínio objetivo e crítico e obediência a limites predeterminados a fim de produzir coesão interna e ao mesmo tempo relacionamento saudável com o exterior, fidelidade à tecnociência e lealdade ao paciente.

Recomendação médica para o paciente é um termo guarda-chuva para este conjunto. Ele quer dizer proposição, aconselhamento, orientação inserido num processo de tomada de decisão com fundamentação tecnocientífica a respeito da saúde de um receptor denominado de paciente. Na sequência, ocorrem cenários de aplicação que podem ser exatamente como recomendado, aplicação parcial do recomendado, aplicação ajustada segundo desejos do paciente ou total objeção à aplicação. 

O significado do exposto é que os processos de tomada de decisão no ecossistema da beira ao leito que envolvem recomendações médicas ao paciente precisam interagir com efeitos da sua voz ativa de consentir ou não consentir e que, habitualmente, alinham-se a desejos, preferências, objetivos e valores. Cada um tem seu “pacote” e ele varia não infrequente rápido como o formato de uma nuvem. Uma das razões para o (não)consentimento por escrito testemunho do momento.  

Jargão é uma linguagem específica de um grupo profissional, habitualmente alinhado a uma expressão própria e técnica de rotina que pode não ser assim compreendida por quem não faz parte da comunidade de interpretação.  No jargão do ecossistema da beira do leito o verbo consentir não se superpõe ao verbo permitir, embora sejam sinônimos no dicionário. A permissão – por exemplo para o registro de ficha de admissão – não subentende uma negativa como ocorre em relação à solicitação de consentimento. 

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