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1645- Autonomia e heteronomia no ecossistema da beira do leito (Parte 11)

Não há como negar que a imperiosidade de aceitação do não consentimento do paciente é indigesta para o médico, frequentemente sentida como uma violência da interpretação convencionada sobre a virtuosidade do profissionalismo contemporâneo. A adaptação fica por conta da veracidade da vivência na beira do leito como fonte maior de maturidade para o médico ético. 

O Relatório Belmont de 1979 estabeleceu os princípios éticos fundamentais da beneficência, respeito pelas pessoas e justiça para pesquisas envolvendo seres humanos e que foram a seguir expandidos para a assistência pela prática de beneficência,  não maleficência, autonomia e justiça. 

Desde Belmont, dilemas causados por entendimentos divergentes de condutas em função das aplicações dos princípios da beneficência – e suas objetividades tecnocientíficas –  e da autonomia – e suas subjetividades humanas – revelam o alto potencial de antagonismo – que ser classificado como congênito – entre os mesmos. Já houve quem dissesse que a triangulação original dificilmente “se fechava”. Bom senso para conciliar conta muito junto com a conscientização que todos doces têm algum azedo e todos os males têm algo de bom, conforme legado por Ralph Waldo Emerson (1803-1882).

Narcisismos, autoritarismos e imaturidades profissionais à parte, o receio do médico de ser processado pelo paciente ou por familiar com criativas alegações posteriores apesar de ter sido tolhido pelo não consentimento é angustiante, mescla quase que inevitavelmente com sensação de culpa e serve de matéria prima espinhosa para conflitos consigo e com o outro. A paz de espírito resulta perturbada. 

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