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1640- Autonomia e heteronomia no ecossistema da beira do leito (Parte 6)

Conexão médico⇔paciente subentende pessoas fazendo algo juntas, ou seja, admite o conceito de formação de uma equipe. Considerando, pois, que o paciente é parte da equipe do atendimento, assim como acontece em qualquer equipe, há sempre o potencial de contraposição de valores, de choque de estilos, pecados de comunicação e, a reboque, entendimentos distintos sobre o bem e o mal.

Sensação de estar alvo de subordinação, vaivém entre liberdade teórica e não liberdade prática e oscilação de posicionamento como entrega com passividade e resistência ativa são observadas em decorrência no ecossistema da beira do leito. Não é fácil resolver tudo, como se diz, deixar redondinho, arestas são insistentes.

Lidar com premências de resolução e garimpar equilíbrios entre individualidade e coletivo contam, mais recentemente, com o apoio da Bioética. Sua contribuição ampara não somente a busca e a análise de expansões e limitações a respeito dos processos correntes, como também favorece a conscientização que toda escolha admite ganho de bônus e recepção de ônus. Os caminhos a serem percorridos precisam ser atapetados ética, moral e legalmente e os papéis de condutores e conduzidos bem definidos, pois é essencial evitar indeterminações que desenvolvam itinerários para lugar nenhum.

São em momentos de nebulosidade planificadora, nada infrequentes no ecossistema da beira do leito que vale muito a equipe inspirar-se no sentido otimista de ” … Oh, você pode ter certeza que vai chegar se você caminhar bastante …” constante em Alice no País das Maravilhas escrito por Lewis Carroll (Charles Lutwidge Dodgson, 1832-1898). Se palavras úteis guiam, bons exemplos arrastam. 

Pacientes que cuidam de doenças crônicas “caminham bastante” e adquirem mais facilidade de alcançar ressignificações sobre bônus e ônus, selecionar o que vale tornar seu o que aprende ao longo da experiência como paciente, introjetando conforme sentem, observam e comparam com outros. Desta amaneira, eles constituem pela prática e desenvolvimento de confiança a consciência de responsabilidade para consigo mesmo e de necessidade do equilíbrio comportamental  – adesão aos planejamentos e as sequências  -, preciosa para evitar desvios na estabilidade clínica e no prognóstico.

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