Há um valor significativo na utilização em medicina dos processos neurobiológicos complexos que constituem a memória. Descrição dos sintomas pelo paciente, informação sobre história patológica pregressa pelo paciente, armazenamentos de conhecimentos teóricos pelo médico, desenvolvimento de habilidades pelo médico, acúmulo de vivências na beira do leito pelo médico ilustram, lembrando que prontuário vem do latim promptuarium que significa “lugar onde são guardadas coisas de que se pode precisar a qualquer momento. De modo simples, sem memória, perde-se a identidade, a continuidade temporal.
Na comunidade de interpretação da medicina, a memória coletiva é essencial, haja vista a relevante participação da medicina baseada em evidências e diretrizes clínicas na orientação da utilidade e eficácia de métodos fundamentada tanto na memória das conclusões de pesquisas sistematizadas quanto na experiência individual do médico.
O médico exerce a medicina conservando as lembranças de um passado previamente ordenado. A residência médica é período da pós-graduação altamente valioso neste aspecto em função do treinamento que proporciona sobre o mundo real, pressupondo-se que o caso de amanhã sob sua responsabilidade acontecerá num grau de superposição ao que se lida hoje sob supervisão.
O uso da memória sustenta a imaginação sobre o resultado de métodos a serem aplicados no presente, ou seja, o médico vislumbra o paciente numa situação futura, terapêutica, por exemplo, que reproduz a colecionada útil e eficaz pela memória. Chama-se experiência.