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1624- Bioética e Geriatria (Parte 5)

Elaborado em coautoria com o Prof. Dr Wilson Jacob Filho

Como se diz, pode-se exaltar que espinhos são compensados pela beleza e fragrância de uma rosa ou lamentar que rosas têm espinhos. Pode-se engrandecer a visão olhando o cenário pela ocular do binóculo ou apequenar invertendo e olhando pela objetiva. A transição para a velhice, uma dinâmica sem uma linha de corte bem definida, costuma trazer variações que admitem inseguranças em função das “aposentadorias” diversas relacionadas tanto a ambientes hostis, quanto a inadequações do próprio corpo. Infinitas subdivisões de expressão da pessoa acontecem. Pegando carona na abertura de Anna Karenina de Leon Tolstoi (1828-1910), cada velho (in)feliz é (in)feliz a sua maneira.

A ideia do porvir após certa idade de que não se tem certeza sobre o desenrolar dos acontecimentos dada a imaginação consagrada que o passar de muitos anos associa-se a instabilidades biológicas de várias ordens, pode ser revestida ou com mais alegria ou mais tristeza, otimismo ou pessimismo, que provocam oscilações entre esperança do bem e medo do mal.

Por isso, caso a dúvida venha a ser reduzida por ocorrências de vida positivas, da esperança nasce a confiança e se por realidades negativas, do medo, sobrevém o desespero (des-espero). Como ensinado por Baruch Espinosa (1632-1677), as flutuações contidas no par esperança-medo geram comportamentos oscilantes, variações na potência de agir e,  inclusive, sustentam superstições. A velhice admite fortemente uma estabilidade precária entre razão, imaginação e intuição, bem como entre verdade e obediência.

Ageism  é um termo inglês cunhado em 1969 pelo médico geriatra Robert Neil Butler (1927-2010) motivado pela observação de inquietações profundas por parte de jovens e pessoas de meia-idade a respeito da pessoa idosa e que inclui, pelo lado do idoso, uma repulsa pessoal e um desgosto pelo envelhecimento, pela doença, pela incapacidade e pelo medo da impotência, da inutilidade, da perda da independência e da morte. Temos atualmente em português o termo etarismo que diz respeito à discriminação e ao preconceito contra pessoas com base na sua idade mais avançada. 

Aspectos culturais se destacam no ageismo, sua associação a estereótipos, entendimentos de vulnerabilidade e fragilidade. Em termos gerais, com relação a idosos - entretanto, ageismo refere-se a preconceito a qualquer idade -, por exemplo, praticar ageismo é portar-se na contramão de culturas ditas orientais que acentuam o sentimento filial como obrigação moral, respeito e gratidão para com os ancestrais, bem como valorização da interdependência entre gerações na sociedade. 

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