Não maleficência: Referida à inquietude do profissional e do paciente/familiar em evitar ao máximo do possível realidades de malefício associados aos benefícios. O médico pode ajustar sua liberdade de expressão sobre maleficência da medicina a ênfases em tipos de possibilidades de danos – até deixar em segundo plano os banais e concentrar-se nos mais relevantes – e jamais autocensurar-se e deixar de apresentar o que é importante para a maioria dos paciente vir a saber.
A intenção da comunicação sobre maleficência deve estar alinhada ao dever de filtrar com o paciente o que para ele pode ser admissível de conviver caso o dano venha a ocorrer, não exatamente a de se comportar como uma bula do medicamento, mas como uma seletor idôneo do que deve ser dito e do que não precisa ser dito. A recepção pelo paciente é habitualmente idiossincrásica, nem sempre perfeitamente ajustada à relação risco-benefício da óptica médica, haja vista que não infrequente pacientes desistem da beneficência por enxergar inadmissível um risco que classifica como impacto ultra desagradável na sua qualidade de vida.
A compaixão pode ser justificativa para evitar antecipações de angústia, todavia o consenso atual tende para não omitir informações de qualquer natureza desde que alinhadas às circunstâncias. Desdobramentos da preocupação com a não maleficências incluem dever de condutas preventivas, que podem evitar ou minimizar os danos possíveis. Ademais, sempre fica de plantão na organização mental do médico que o efeito nocebo existe, muito embora seja difícil prevê-lo caso a caso.