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1584- Conduzindo com Bioética (Parte 2)

Há uma doença em curso. Os sintomas provocam o encontro médico-paciente. Encontros produzem expansões e limitações, este tipo referente à saúde não é diferente. O médico capta fatos e dados do paciente e, assim, tradicionalmente expande o diagnóstico em direção ao planejamento terapêutico. Limitações do exame físico, quer do método, quer da competência profissional intenciona-se que sejam superadas por exames complementares. Um sentido de equipe é fundamental, o paciente dela faz parte, profissional e leigo têm muito a partilhar.

Um processo tecnocientífico e atitudinal se desenvolve objetivando resultados tanto beneficentes quanto não maleficentes, pois os métodos a serem empregados admitem a ambivalência. Significa que ao mesmo tempo em que se persegue o controle da morbidade-alvo, deve-se cuidar para evitar, não somente agravar comorbidades, como também prejudicar órgãos e sistemas que se encontram normais.

No processo de atendimento ás necessidades de saúde a partir da queixa principal do paciente há o ideal e há o possível. A medicina progride ininterruptamente em direção ao ideal,  mas as expansões colidem com limitações multidimensionais. Há as do paciente, há as do profissional, há as da instituição de saúde, há as do sistema de saúde, há o imponderável, há o desconhecido. O possível resulta como expressão da boa qualidade. O melhor possível torna-se o ideal na beira do leito.

A continuada produção do conhecimento e a disponibilidade tecnológica faz com que cada dia que passa tenha mais chance de ser mais beneficente para doenças/doentes. Atualizações de diretrizes clínicas e ganhos de experiência profissional sustentam a probabilidade beneficente. Mais recursos, todavia, admitem uma sina já intuída por Hipócrates (460 aC- 370 aC), o potencial de maleficência a que nenhum método está isento. A percepção de dano varia e traz desequilíbrios entre a heteronomia e a autonomia na área da saúde. Influencia na apreciação ética/moral/legal.

Inexiste atendimento na área da saúde à margem de questões sobre risco-benefício que requerem permanente crítica sobre as interações entre o universal e o individual. A recomendação terapêutica validada universalmente, após diligentemente cogitada para o paciente deve ser filtrada na individualidade biológica. Assim, uma conduta recomendável pela tecnociência precisa ser transformada numa conduta aplicável ao conjunto formado por morbidades/comorbidades/normalidades. Contraindicações biológicas de obviedades/imperiosidades de indicação beneficente acontecem pela maleficência e suscitam esforços por ajustes.

Entretanto, a eventual passagem incólume de conduta recomendável para aplicável no âmbito biológico não deve ser movimentação de um encontro médico-paciente em que o médico não revela o fluxo do seu pensamento/raciocínio ao paciente que fica no aguardo de um parecer final.

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