O acervo da Bioética é ator por vezes protagonista, por vezes coadjuvante do compromisso com a ética/moral/legal na área da saúde que não pode ficar fora de cena. Uma aliança entre os militantes em Bioética faz-se urgente, desesperadamente urgente. Proponho uma Aliança entre Comitês de Bioética atuantes no Brasil. Um designer criou um logotipo, pareceu-me representativo. Fica à disposição.
Não desejo ser pessimista, aliás, não sou habitualmente. Pelo cacoete dado pela Bioética, me acautelo e reforço que talvez desconheça muito do que acontece em Bioética entre nós. Talvez meu olhar esteja com miopia, olhando pelo lado errado do binóculo, ou mesmo avaliando com restrição de informações. Talvez as expectativas sejam exageradas. Minhas desculpas antecipadas caso pertinente. Adoraria que me mostrassem que exagero a carência. Réplica e contraditório valorizam o poder do diálogo, o valor da variedade de perspectivas.
Há cerca de 10 anos publico diariamente um artigo ou uma enquete sobre Bioética e decepciono-me com a repercussão, que embora não seja pequena, é aquém do almejado. Faço convites para colaboração, um espaço gratuito, com retorno pífio. Não parece uma questão de escolha, não percebo colaborações em veículos possíveis e que teriam a valorização exigida por muitos da “peer review”. Uma consulta ao Pubmed atesta, o que me permite reduzir a inquietação se eu estaria analisando a floresta segundo um viés de apreciação de única árvore.
O blog bioamigo.com.br é para mim uma fonte de motivação para pesquisar, estudar, pensar Bioética, fazer correlações com outros saberes. As revelações sobre o valor da Bioética se renovam desta maneira. Torna qualitativo o tempo quantitativo.
Uma pitada de filosofia aqui, outra de teologia ali, mais uma de direito e de psicologia acolá, na simbiose Bioética-transdisciplinaridade dão abrangência e profundidade às obrigações profissionais prioritárias de cada um que tem a Bioética como interesse adjunto. Sigo conselho de Lucio Anneo Seneca (4 aC-65): evite apenas escrever e apenas ler, é necessário passar de um exercício para outro a fim de que a escrita organize o que foi recolhido pela leitura.
A Bioética é boa companhia, habito seus bônus, sou refém de seus ônus, apresenta-se como um porto seguro para um modo de exercício profissional que foi se ajustando com o tempo, alimenta a força de vontade e, ajuda, sobremaneira, a preservar o estado de ânimo numa profissão estressante. Jamais pretendi ser um glutão, tão somente um gourmet em relação à Bioética.
Reforço, a Bioética é magnânima, há sempre um ângulo novo a despertar o interesse e a reforçar o valor da transdisciplinaridade para reduzir as inquietudes do cotidiano. Permaneço um discípulo curioso, mas tantos anos de professor frustram-me por não produzir mais alunos, não apenas por meio de cursos, mas por tutoria como experimentei de modo gratificante na Cardiologia e onde tenho a satisfação da constatação de ter sido por alguns deles superado.
Persisto otimista e apaixonado pela Bioética! Como dito por Sir Winston Churchill (1874 – 1965) Quanto a mim, sou um otimista – não parece adiantar muito ser outra coisa. Ou, então, talvez mais cabível na missão da Bioética, o otimista inventou o avião e o pessimista o paraquedas, conforme pensamento de George Bernard Shaw (1856-1950).
Alô Bioética! Alô Aliança Bioética!
