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1569- Teoria e prática na beira do leito (Parte 2)

Incluem-se entre os limitantes que determinam o possível situações como o (não)consentimento pelo paciente, circunstâncias clínicas do paciente e disponibilidades da instituição e saúde/sistema de saúde. Vale dizer, no trajeto decisório são comuns mudanças de uma concepção ideal que, uma vez alvos da devida atenção para ajustes com a ajuda da Bioética, distanciam-se de eventuais expressões de imprudência profissional. Compreende-se melhor o que foi feito e o que não foi feito.

Efeitos morais atribuíveis à Bioética não costumam ser ilusórios, muito menos efêmeros. As decorrências do olhar pela Bioética entranham-se nos meandros das tomadas de decisão, nas realizações das potencialidades benéficas, nas evitações das potencialidades maléficas, no respeito a individualidades, tudo junto e misturado em cada acaso que se apresenta na área da saúde.

Cada paciente constitui-se num acaso, numa geração de variedade, num jogo de associações que produz complexidades e que se acentua com a maior expectativa de vida comprometida com o domínio de doenças por métodos tão controladores quanto provocadores.

Exala boa-fé da Bioética, aspersão que desestimula pretensões de dissimulações e artifícios. Não é exagerado o entendimento que a Bioética expressa elementos moralmente necessários. O simbolismo da responsabilidade  profissional adquirido pelo carimbo do médico, muito além das informações contidas, tem o espírito da Bioética como um dos componentes.

Por sua essência de sinceridade/autenticidade/veracidade, a parceria da atenção à saúde com a Bioética repercute no profissional como efetor de serenidade, vale dizer, repercute a presença de um nível elevado de validade no que se pratica. Este fator de paz de espírito muito bem-vinda quando se está em meio a incertezas e hesitações, afasta eventuais dúvidas de interpretação de indiferença profissional e proporciona a sensação do alcance do limite então possível.

Tal efeito já estava presente com Hipócrates (460aC-370aC). Ele eclodiu com um sentido prático assim como a medicina, uma ferramenta para a convivência mais harmoniosa com as inquietudes da dinâmica da montagem e desmontagem de um quebra-cabeça envolvendo a responsabilidade com a saúde humana cuja figura é continuadamente mutável. A beira do leito necessita deste agente consciencioso da coragem moral. Em mais de 50 anos de dedicação à beira do leito, testemunhei como o progresso tecnocientífico impacta, rosa com espinhos, na moralidade da medicina, resumido como integração entre Posso?/Devo?/Quero?

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