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1566- Aliança Bioética urgente! (Parte 3)

Os métodos utilizados em ciências da saúde, sem exceção, associam-se a probabilidades antagônicas de decorrências. Por isso, elas necessitam ser esclarecidos ao paciente em relação a tipos de efeitos, grandeza das mesmas e significados clínicos. É exigência da contemporaneidade para a transformação de um analítico Talvez doutor num sintético Sim doutor ou Não doutor.

Entusiasmei-me com o vigor organizacional da Bioética perante interações entre tradição e inovação, tecnociência e humanismo, o bom e o mau cogitados e o bem e o mal resultantes na área da saúde. Lapida o caráter, empresta mérito, valoriza a coragem moral, equilibra a compreensão, faz chegar a muita coisa. Ajuda a distinguir que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa na beira do leito contemporânea, pois os casos clínicos são cada vez mais composições de acasos clínicos em função do controle de doenças crônicas e maior longevidade. Realidade que exige examinar, comparar e combinar modos de enxergar que não costumam acontecer de maneira neutra em relação à potencialidade do acervo da medicina (o médico deseja que o paciente siga suas recomendações), mas que deve haver imparcialidade quanto a aspectos humanos da receptividade à intervenção.  

A Bioética não é algema que tolhe, é bússola – mais moderno, waze. Dominei-a e ela a mim, somos solidários num vínculo onde eu creio nas suas orientações e ela confia que bem as uso. Um domínio que orienta, justifica, convence e ocupa a mente evitando tanto açodamentos imprudentes quanto perdas de oportunidade negligentes. Atribuições que se recheiam de humanidade, reduzem aparências de arrogância dadas pelo excesso de racionalidade, contrabalançam os medos sobre o presente e o amanhã e a coragem para se preservar justo nas medidas e na crítica sobre o mérito de efeitos manada, além de contribuírem para desconsiderar quaisquer intenções de perfeição e estimular a substituição por suficiência da excelência.

A Bioética faz aprender que liberdades teóricas (direito ao Não doutor) colidem com não liberdades práticas. Dor, sofrimento e a chamada autonomia de relação ilustram. Se é fato que o “dever não deve” que o médico aplique o indesejado pelo paciente em situações eletivas, é da realidade humana o poder que fontes de desconforto físico e emocional exercem  sobre consentimentos.

Exagero na constituição da Bioética? Reconheço a possibilidade, mas, ao mesmo tempo, justifico que sua utilidade multiuso com o manejo de inexatidões, permite conceber que não é a Bioética que determina como fazer a militância, são seus seguidores que a desenvolvem com variações que se materializam conforme as lições das experiências vivenciadas.

Aprende-se a compor a Bioética respeitando critérios dados pela apreensão do seu significado maior. Uma das adaptações refere-se a sua  origem como um grito de alerta contra projetos de pesquisa desumanos expandida para a utilidade humanista na assistência na beira do leito. É contexto que carrega a hoje apenas curiosidade do artigo impositivo O enfermo deve implícita obediência às prescrições médicas, as quais não lhe é permitido alterar de maneira alguma constante no Código de moral médica vigente no Brasil entre 1929 e 1931 e que antecedeu ao que se observou no decorrer do projeto sobre sífilis de Tuskejee (iniciado em 1932 e não espontaneamente interrompido com o advento da penicilina). A expressão de uma forte hierarquia inconteste da ciência da época, associada a uma ideia que um profundo abismo de conhecimento entre médico e paciente impediria qualquer contestação sobre as coisas da medicina. As profundas mudanças acontecidas e que contaram com a cooperação da Bioética alinham-se com a verdade que só persiste o rio porque sua água se renova desde a nascente.        

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