Ah! A Bioética! Um neologismo pentassilábico que se tornou termo universal próximo de completar 100 anos de existência. Conheci-a e convivo com ela numa instituição acadêmica, aplicando na integração entre assistência, docência e pesquisa em medicina.
A Bioética ensina que a medicina não é independente da sociedade, empresta um olhar prático isento de preconceitos, compõe trabalho em equipe e facilita reconhecer que quanto mais fundamentos diversificados estiverem disponíveis, mais bem discutidas serão as questões éticas relacionadas à medicina, às ciências biológicas e à saúde pública. Deparou-se com barreira? Deseja evitá-la? Pretende substituir por ponte? A Bioética pode auxiliar.
Rejeito um rótulo de bioeticista, aliás não gosto dele, resisto a ele. Sou um médico dedicado à medicina e aos pacientes que carrega consigo um manual de Bioética, assim como um estetoscópio e um carimbo com nome e número do CRM a quem apraz ser um estudioso da Bioética, especialmente por acrescentar uma dimensão intelectual que auxilia análises éticas de utilidade para mim e para demais.
Poder aplicar Bioética facilita desenvolver a sequência de inserção das variáveis e distribuição da pluralidade em pontos de vista, individualiza e totaliza. Socorre na calibragem da imposição do olhar médico bem sustentado pela tecnociência validada no meio acadêmico em meio a miríade de informações questionáveis provenientes de publicações e comentários leigos ou mesmo de profissionais com evidentes conflitos de interesse ou até mesmo classificáveis como crendices.
Pelas obrigações profissionais, porque medicina não se inventa e nem é ditada tão somente por uma ideia inteligente não testada – razão do non nocere hipocrático -, a Bioética é uma das matérias-primas do fio condutor de Ariadne que faz a diferença entre sucesso e fracasso no trânsito por labirintos dos atendimentos, pois sabemos como neles entramos, mas não, exatamente, por onde deles sairemos.
A Bioética modificou minha compreensão sobre o uso da medicina em vários aspectos e reforçou o abuso do cientificismo, tecnicismo e mensagens coercitivas. Incorporei o consumo da Bioética no meu profissionalismo. Nenhum ritual de iniciação, simplesmente aconteceu o encontro, ainda sem saber exatamente quais seriam minhas incumbências. As incertezas se clarearam rapidamente e tomei gosto! Percebi que agregava positivamente a minha maneira de ser. Não mais poderia prescindir dela para o compromisso com os bons meios para obter bons fins.