O exercício das ciências da saúde no ecossistema da beira do leito beneficia-se da transdisciplinaridade. Um de seus aspectos é a noção da Lógica do Terceiro Incluído. Habitualmente, consideramos a Lógica do Terceiro Excluído em que A e não A são contraditórios e não podem conviver num mesmo elemento. Seria contraditório que um mesmo alimento fosse considerado como doce e não doce, uma cor como clara e escura, uma duração de tempo como curta e longa.
O Terceiro incluído é uma lógica que admite um par de contraditórios (A e não A) num mesmo elemento, por exemplo num método aplicável na beira do leito, onde todos eles sem exceção incluem beneficência e maleficência, vale dizer potencial de benefício e potencial de danos. Assim o método inclui tanto o A quanto o não A.
Quando o profissional da saúde recomenda o método ao paciente, ele esclarece ao mesmo níveis distintos de realidade de efeitos que podem ou não se conectarem após a aplicação. Pode-se perceber uma coerência lógica entre o benefício e o malefício, por exemplo, entre o efeito benéfico de um medicamento que combate uma etiopatogenia e o maléfico num órgão onde ele precisou ser metabolizado ou excretado, ou mesmo atuado por força da sua passagem via corrente sanguínea. São vários níveis de realidade que interagem e que provocam a potencialidade, não necessariamente a realização.
Quando do esclarecimento ao paciente para o seu consentimento, o método é apresentado num cenário bem amplo de possibilidades, como um Terceiro incluído em que A e Não A não são exatamente excluídos e subentendem imaginação por distintos níveis de realidade que comumente são classificados como fonte de benefícios e risco de adversidades.
É como se o método tivesse duas extremidades, uma benéfica e outra maléfica que não podem ser separadas, inclusive, a tentativa de eliminar a extremidade danosa cria outra e se assim continuar, pode-se chegar na benéfica e a comprometer.