Ademais, a Bioética deve articular-se com a forma benigna de narcisismo cujo objetivo foca no resultado do esforço de boa-fé cuja realização é constantemente equilibrada com bom senso face às realidades que se apresentam. O feedback sincero é essencial para que dinâmica de comportamento seja auto limitadora de distorções de imagem.
Não cabe o narcisismo onde o objeto não é o que o indivíduo faz ou produz e que provê justificável orgulho narcisista, mas se direciona para um sentido de posse, a forma maligna que carece do elemento corretivo, privilegia o tenho sobre o realizo, associa-se, habitualmente, a um superego inflado e pratica julgamentos tendenciosos e preconcebidos. O militante em Bioética não possui a Bioética, ele pratica Bioética confiante que se esforça para captar as possibilidades de expansão e de limitação nos encontros com as demandas, tendo convicção da competência para lidar com diferenças que fazem a diferença e, assim, merecer a confiança do outro.
O deslanche da conscientização do valor da Bioética como um poder moderador teve um fator capital. Deveu-se à criação pela ciência de um objeto do narcisismo nomeado como técnica. Hoje nos vangloriamos do elevadíssimo nível da tecnociência em medicina, há muito orgulho da humanidade por ter desenvolvido métodos e máquinas tão sonhadas.
O livro A Ponte para o Futuro de Potter alertou, entretanto, o progresso científico e tecnológico no âmbito das interfaces entre biologia e ética é paradoxal ameaça ao Homo sapiens. Constitui reforço acerca da sabedoria que tudo é relativo, tem dois lados, é criticável, e que pode ser potencializado pela participação humana. Aproveitando os artigos acima expostos da inspiração deste texto, destacamos que até a água, ainda um mistério tecnológico da natureza, admite o relativo, a duplicidade, a crítica. Sede, edema, seca, alagamento ilustram. Água mole em pedra dura…
A Bioética da Beira do leito ressalta a lição que se pode obter da estranha realidade da água que apaga o fogo apesar de ser composta por dois gases inflamáveis como identificado por Antoine-Laurent de Lavoisier (1743-1794). A combinação dos átomos conta na qualidade da molécula. O ensinamento aplica-se como referência para lidar com desafios, dilemas e conflitos no ecossistema da beira do leito que se mostram num crescente de incidência e variedade e, assim, inibem persistir considerá-los surpreendentes, quase já se tornaram rotina de tomar o que não deveria acontecer como norma.
