O Poder da Bioética inclui evitar que o poder do conhecimento tecnocientífico pelo médico na beira do leito extrapole para cientificismo e provoque desleixo com a consideração dos demais poderes, vale dizer, que a atitude que compõe a competência profissional necessita ser/estar/ficar sensível à dependência da multiplicidade de influências de relações de poder.
Chacrinha, o pernambucano José Abelardo Barbosa de Medeiros (1917-1988), um estudante de Medicina que não se formou mas legou para os ex-futuros colegas um bordão pé no chão imprescindível para a saúde da conexão médico-paciente: “Quem não se comunica, se trumbica!”. A desconsideração desta expressão que está longe de ser do gosto da Academia, mas de veracidade ímpar, e cada vez mais consistente na beira do leito, transforma “doutores comandantes” em náufragos da beira do leito.
Especialmente o médico “desligado” do compromisso com iniciativas de justificativas para o paciente ou com esclarecimento de dúvidas torna-se etiopatogenia de conflitos, nem sempre expostos, muitas vezes apenas após má evoluções/insatisfações, numa conjunção de ausência de sensibilidade humana e presença de vulnerabilidade profissional. A situação sinaliza como é importante o médico ter em mente que as pessoas (pacientes) acontecem às coisas, bem como cada coisa é uma coisa – A mão que afaga é a mesma que apedreja (Versos Íntimos, Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos,1884-1914).