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1430- Questões de temperatura na conexão médico-paciente (Parte 14)

Ademais, é preferível contar com ferramentas para evitar/reduzir/enfrentar tristezas profissionais do que ser um alvo inerte do pesar dos colegas pela nossa tristeza (piedade). Por outro lado, ajuda o médico a conscientizar que há muito tempo não cabe na Ética Médica nem o enfermo, uma vez restabelecido não deve esquecer as obrigações de ordem moral que contribuiu com o medico, pois os serviços deste são de tal natureza que não bastam simplesmente remunerações pecuniárias para retribuí-los, vigente de 1929 a 1931, nem Quando o medico se afastar acidentalmente do exercício da profissão, por motivo justificado, e recomendar seus enfermos aos cuidados de um colega, este deve aceitar o encargo, sem reservas de espécie nenhuma, e desempenhá-lo com o maior zelo, atendendo aos interesses e ao nome do substituído… Sendo a assistência de curta duração, os honorários serão entregues totalmente ao substituído vigente de 1931 a 1945. Segundo François La Rochefoucauld (1613-1680), dificuldades habituais na gratidão explicam-se porque o orgulho não quer dever e o amor-próprio não quer pagar.

A Bioética da Beira do leito entende que a divulgação e crítica sobre experiências “negativas” de atitudes, incluindo erros profissionais, cuidando para o respeito ao sigilo, tem a meta de funcionar como um rascunho fio condutor para novos aprendizados. Afinal, não somos completos, donos de nós mesmos, nem sempre dependemos de nós mesmos por isso, o valor de uma iluminação que evita ter que procurar solução para conflitos sob angústia no escuro, torcendo por inesperados riscares de fósforos, uma metáfora de milagre utilizada por Adeline Virginia Woolf (1882-1941). Habilitar-se a reduzir possibilidades de má condução em conflitos da beira do leito reforça-se na consideração que o passado jamais fica completamente esquecido. Subordinações críticas ao passado cooperam para dominações autônomas no futuro.

Há os propósitos e há as realidades dos processos, sabe-se que não há limites para interpretações, o que aconselha a jamais deixar de pensar duplo, até porque não existe apenas um ideal de beira do leito e o prazer de cuidar de um paciente que motiva conhecimentos sobre conhecimentos não deve conotar arrogância por excesso de racionalidade. Ceticismo e autocrítica jamais deixam de ser hábitos intelectuais estimulantes que precisam ser cultivados desde a entrada na faculdade até a aposentadoria, inclusive porque as relações do Pentágono da beira do leito estão em constante transformação.

Formas de pensar do médico e do paciente sobre alguém ou algo subsidiam conceitos nas conexões médico-paciente de todos os dias, cada uma destas individualizam-se quer por contextos – referenciais acerca de, entre outros, tecnociência, época ética/moral/legal, sociedade, sistema de saúde, normas institucionais- quer por comportar verbalizações/vocalizações de palavras – bem como linguagem não verbal – tanto num sentido literal (denotativo) quanto no figurado (conotativo). Um pot-pourri de objetividades e subjetividades se sucedem em torno de contextos e textos e provocam distintos e cambiantes níveis de conexão.

Bastam poucos meses de vivência na beira do leito para que a responsabilidade do médico lhe assegure que os plurais contextos dos atendimentos estão sempre sob processos de transformação, que “novas” inovações/novidades estão continuadamente desafiando as “velhas” inovações/novidades viradas clássicos, pretendendo vir a merecer também, substituindo ou agregando, tornarem-se exemplares.

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