A temperatura não como metáfora tem cadeira cativa na beira do leito desde os primórdios da medicina. Seus graus forjados na física incorporaram-se à medicina em variados contextos, na etiopatogenia (insolação, hipotermia, queimadura, aquecimento global), no diagnóstico (hipertermia, extremidades frias), na terapêutica (calor local, saco de gelo, sorvete no pós-operatório de tonsilectomia).
A ampla difusão do “álbum de figurinhas” tem o potencial de transformar estados passivos do médico em posturas ativas e facilita, não somente, desenvolver uma percepção que inverte o natural da defesa suceder ataques, como também, dar elementos para um bom começo no diálogo em torno do contencioso. Como se sabe, respostas intempestivas, não previamente filtradas pela experiência, podem se tornar gols contra com decorrente mais lenha para esquentar o conflito. Há a hora de falar e a hora de calar, a hora de contemporizar e a hora de fazer prevalecer, o que evita tiros no escuro. Como afirmado por Niels Henrik David Bohr (1885-1962), Prêmio Nobel de Física em 1922: O oposto de uma afirmação correta é uma afirmação falsa. Mas o oposto de uma verdade profunda pode muito bem ser outra verdade profunda. Induz, além do mais, a autocorreção de atitudes alinhado ao dito por Aldous Leonard Huxley (1894-1963): A experiência não é o que acontece a um homem, é o que um homem faz com o que lhe acontece… ou a outros, acrescentaria.