Nem sempre, no entanto, há regras vigentes ou unanimidade quanto a valores. Sem fio condutor fica difícil traçar fronteiras rígidas entre respeito e desrespeito ao salvo na comunicação médico-paciente, o que embaraça etiquetar a atuação profissional como moral ou não.
A Bioética da Beira do leito compromissada com imprescindível visão holista no exercício profissional na beira do leito, convencida do valor do não enquistamento do médico na medicina pela aproximação da cultura – idealmente por vontade própria com apoio da Bioética- para benefício da missão social, esforça-se para manter um continuado garimpar de saberes extra medicina na finalidade de cultivar a transdisciplinaridade, ou seja, mantém-se animada para uma abertura ampla multirreferencial e multidimensional para conhecimentos. Neste afã, o diálogo com as Letras que o acima referido Art. 34 motiva, proporciona como uma das muitas contribuições, o “empréstimo” do conceito de oximoro.
A Bioética da Beira do leito entende que a figura do oxímoro, fruto da língua viva, é didático na beira do leito para realçar que contrários podem se entrelaçar, que podem se equilibrar, embora sob tensão, não sendo nem fusão nem exclusão. Constatamos esta lição se lermos o Art.34 acima separadamente, antes e depois do salvo, com relação aos destinatário da informação nele mencionados. O ensinamento proveniente da figura de linguagem faz perceber que, no fundo, ambiguidades podem se combinar de modo construtivo, que o que parece mutuamente excludente pode conter coerência entre si, que vínculos acontecem por uma recíproca negação. É notório como a participação opinativa de familiar – quem habitualmente conhece melhor o paciente- na elaboração da estratégia de comunicação de má notícia pelo médico ao paciente é comumente desejável e construtiva sempre que possível.