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1388- Heteronomia e autonomia na fronteira cinzenta entre uso e abuso (Parte 7)

Casos clínicos difíceis eram, há algumas décadas, motivo para conferências médicas, atualmente, suscitam reuniões clínicas em hospitais e em sessões de congressos médicos, ou seja, a adjetivação de difícil reconhece a necessidade de uma atuação transdisciplinar. Uns aprendem com os outros e cria-se uma espiral ascendente de qualidade decisória.

Comitês de Bioética com base hospitalar têm uma organização multiprofissional e transdisciplinar, não para discutir a clínica de casos encaminhados, mas para analisar aspectos éticos/morais porventura obscuros. Apreciações são requisitadas num clima de necessidade que reúne habituais premência de tempo, diversidade de objetivos e multiplicidade cultural.

Dentre as realidades de atendimentos encaminhadas para serem examinadas com detalhe e imparcialidade estão situações que necessitam de cotejamentos entre autonomia e  heteronomia. Inclui situações de predomínio de aspectos administrativos no conflito – não é permitido nesta instituição/deseja-se que seja autorizado nesta instituição -, em que ocorrem, por exemplo, intenções ou de fato desrespeitos pelo paciente que firmou contatual no Termo de Responsabilidade imediatamente antes da internação hospitalar. São consultas onde o Comitê de Bioética tem pouco a contribuir, porque, em geral, o encaminhamento se faz  quando ocorre o esgotamento da possibilidade de diálogo entre as partes em confronto- diálogo, este conselho atávico da Bioética.

Ou melhor dito, a Bioética tem alto potencial de contribuir. Como assim? Pouco ou muito? Depende do timing. Muito quando incorpora-se ao início do conflito e passa a ficar numa disposição inclusiva quando a equipe já percebe que o caso está tendendo para o diferente-difícil. Todos médicos podem ser “clínicos gerais” em ética, mas especialistas contam muito quando limites evolutivos são ultrapassados.

O “tão logo” perceptível é a ocasião oportuna para permitir que a Bioética possa efetivamente cooperar com a equipe- paciente incluso- na estruturação de atitudes hábeis – comunicação especialmente – para a resolução. Conta muito a competência da transdisciplinaridade que viabiliza mais abrangência e mais profundidade a perspectivas evolutivas de opções, o que pode se refletir na evitação de direcionamentos em busca de heteronomia não habitual mente presente no ecossistema da beira do leito, por exemplo, a judicialização do conflito, ou, até mesmo, ao contrário, uma conclusão de sua inevitabilidade.

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