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1380- O gosto salgado do não consentimento (Parte 4)

A Bioética da Beira do leito enfatiza que o não consentimento é muito mais direcionado para a visão leiga da capacidade da medicina do que para a pessoa do médico propriamente dito. Evidentemente, não faltam situações em que, aí sim,  atuam desconfianças sobre o médico associadas, especialmente, a inseguranças sobre as situações e modos de atendimento.

A melhor compreensão sobre o foco do não consentimento mais na medicina do que no médico costuma vir com a maturidade profissional.  De fato, o jovem médico, treinado para fazer, não treinado para não fazer, reage, comumente, pelo noviciado pretencioso a Não do paciente com um misto de surpresa, revolta e temor.

Surpresa porque a previsão aprendida dos textos e das práticas é de aceitação, revolta pela consciência da perda de oportunidade beneficente com validação científica e temor por se imaginar futuro alvo de críticas por imprudência profissional – a Bioética da Beira do leito interpreta prudência como valor ético no processo de tomada de decisão e zelo (cujo antônimo é negligência) como valor ético após o consentimento.

Um jovem médico, surpreso, revoltado e temeroso carrega o potencial de reagir com comunicação agressiva, ímpetos de coerção, radicalismos nada aconselháveis pelo profissionalismo contemporâneo. Afinal já estamos longe de O enfermo deve implícita obediência ás prescrições médicas, para as quais não lhe é permitido alterar de maneira alguma. Igual regra é aplicada ao regime dietético, ao exercício e qualquer outras indicações higiênicas que o facultativo creia necessário impor-lhe, constante no Código de Moral Médica vigente no Brasil de 1929 a 1931 e de O médico em suas relações com o enfermo, procurará tolerar seus caprichos e fraquezas, enquanto não se oponham às exigências do tratamento, nem exerçam influencia nociva ao curso da afecção, constante no Código de Deontologia Médica vigente de 1931 a 1945.

A Bioética da Beira do leito em obediência ao compromisso de nascença com a inteligibilidade da medicina aplicada valoriza os meandros da linguagem empregada na beira do leito que inclui a busca de sentidos e a transmissão de conceitos por transferências. Assim, de modo especial e sempre que atinente, dedica-se a empregar a figura da metáfora, invariavelmente sintética e estética.

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