O cenário é clássico: De um lado, um ser humano possuidor de um número de CRM numa determinada estrutura de atenção à saúde, de outro lado, um ser humano necessitado de cuidados de saúde. Dois lados de uma assistência que se unificam numa justaposição, não numa soma, habitualmente, denominada de relação médico-paciente e que a Bioética da Beira do leito prefere nomear como conexão médico-paciente.
No Brasil, o lado a lado está enaltecido nos dois primeiros princípios fundamentais do Código de Ética Médica vigente: A medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza; O alvo de toda a atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional.
A Bioética da Beira do leito apraz-se com um malabarismo de palavras como o médico pesquisa ciência no atacado e assiste o paciente no varejo, não exatamente investiga a saúde em si, mas a saúde do ser humano, particularmente a saúde de determinado indivíduo. Reúnem-se um propósito e um processo de atividades E neste aspecto, não se pode admitir única ideia sobre bem e, por extensão, cada pessoa é única em ações, reações e interações. A natureza nos ensina por meio das especificidades do DNA, da impressão digital e da íris. Vale dizer, não há uma só admissibilidade de médico ou de paciente, ou seja, inexiste único modelo com valor pré-formado.
Há muitos anos percebemos a falácia de qualquer rotulagem de “Bom paciente”.
A aproximação medicina-médico-paciente é um processo. Subentende uma parceria que promove frentes clínicas e tecnocientíficas que atraem o conhecimento e repelem que possa subsistir o indecifrável, admitindo confiança na resolubilidade proporcionada pelo tempo.
Se aplicarmos um contexto de continuidade de mesmo ser humano como o médico e mesmo ser humano como o paciente, o processo admite distintos distanciamentos em idas e vindas e que se modificam em função das necessidades.
A distinção formal não tão longínqua no tempo entre o presencial e a teledistância – representada pelo telefone – está, atualmente, comprometida pela sensação de presença face à justaposição proporcionada pela tecnologia, a imagem transmitida em tempo real.