Desenvolvem-se estudos que concluem que “chatbots” – programas de computador que “conversam” como se seres humanos fossem – produzem respostas qualificadas e empáticas ao paciente e assim auxiliam no processo de consentimento esclarecido às recomendações médicas.
Neste contexto, a inteligência artificial tem o potencial de aprimorar/restaurar a conexão médico-paciente tão criticada como corroída, ultimamente, pelo poder de promover a integração de informações essenciais acerca de beneficência e não maleficência e o reconhecimento de valores, objetivos e preferências num contexto de respeito ao direito à autonomia. Prevê-se, inclusive, a participação da inteligência artificial como um “preceptor” do médico, conselheiro na arte da comunicação com empatia em cenários mais ou menos complexos na beira do leito. de várias o paciente. A máquina como promotora/resgatadora da confiança do paciente no médico, bem preparada para “ouvir, falar, ouvir-se falar e ouvir-se ouvir” e, até mesmo, rever criticamente como o diálogo acontece, pretendendo aperfeiçoamento e efetividade.
A responsabilidade profissional individual sobre a competência alinhada à inteligência natural é idêntica a da iniciativa de apertar botões de máquinas. Ideias de expulsão da inteligência natural do ecossistema da beira do leito só fortalecem a consciência moral do médico, haja vista a preocupação crescente com efeitos indesejáveis da inteligência artificial.
O aprendizado do estudante/residente de medicina ainda é essencialmente sustentado pela inteligência humana natural e apesar das dúvidas – o desconhecido é mestre-, o mais provável é que a inteligência artificial/aprendizado de máquina passe a compor com destaque os currículos das faculdades de medicina. Aproveitando o paradoxo de sorites (qual é a quantidade acumulada de grãos que tornar-se-á digna de ser nomeada como um monte), bioamigo, em que número de CRM, a inteligência natural do médico brasileiro conviverá intimamente – ou será subjugada – com a inteligência artificial/aprendizado de máquina e a sociedade – ainda de Homo sapiens ou mais transumana – será mais saudável? Creio que será aquém de CRM meio milhão nos estados mais populosos de médicos!