Todavia, as fronteiras entre autonomia e heteronomia podem ser nebulosas, o paradoxo de sorites demonstra como objetividades e subjetividades nem sempre são distinguíveis. É fato que as conexões cérebro-cérebro são, evidentemente, humanas, sujeitas a peculiaridades e, assim, radicalismos como a demonização do sentido humano de paternalismo não são, habitualmente adequados, quando se trata de dor e sofrimento por doença.
Rapidamente, a questão foi mais bem ponderada e surgiu a adjetivação do paternalismo em forte e brando. O termo brando devolveu uma tradicional reciprocidade entre cérebros do paciente do médico. Assim, após um Não do paciente, vale o médico perceber-se com autorização moral para se interessar pelo não consentimento do paciente, por razões e eventuais modos não coercitivos de reversão.
Em suma, a tecnologia atual impactou na maneira de desenvolvimento de uma mente coletiva entre os médicos, reduziu o simbolismo individual atrelado ao estetoscópio e, dado que a cooperação do paciente excede a de um fornecedor de sintomas e sinais e inclui-se no contexto das conexões cérebro-cérebro. Por isso, é essencial que a Bioética trabalhe para a concepção que o paternalismo, o brando, represente um acolhimento atencioso profissional que desfaça qualquer entendimento de antinomia ao direito à autonomia pelo paciente, pelo contrário, é imperioso face à condição humana. O canudo de Laennec posicionado entre os cérebros do médico e do paciente permitindo mais adequada comunicação humana.
Para quem possa discordar, a Bioética da Beira do leito lembra que o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido tornou-se um burocrático e tão somente Assine Aqui! Não se trata de um Paternalismo forte, este sim desrespeitoso do direito à autonomia?