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1366- Cérebro-cérebro no ecossistema da beira do leito (Parte 2)

A inteligência humana natural e criativa do médico apurado valeu-se da memória desde criança que arranhar uma extremidade de um pedaço de madeira transmite o som nitidamente à outra extremidade e motivou a fazer um cilindro de papel, colocar uma extremidade no próprio ouvido e apor a oposta no tórax da gestante. René-Théophile-Hyacinthe Laennec (1781-1826) por esta engenhosidade entrou na história da medicina quando confirmou a eficiente transmissão dos ruídos cardíacos da paciente não mais numa distância íntima, agora numa distância pessoal.

Há cerca de 200 anos, iniciava-se desta maneira não planejada a colaboração da tecnologia para o exercício da medicina. Do recém-nascido  da gestante não restaram informações, mas a inovação dada à luz e batizada como estetoscópio vingou fabricada monoauricular e de madeira, após gestada por minutos em ambiente de trabalho com gasto mínimo de matéria-prima, uma improvisação artesanal sem nenhuma avaliação de custos.

Médicos de vários países motivaram-se a ir a Paris conhecer o estetoscópio e, ao voltarem com o novo instrumento no bolso, ganhavam a  preferência de procura pelos pacientes. Pelo glamour da tecnologia, o uso do estetoscópio passou a qualificar o atendimento médico. A arte da ausculta com o estetoscópio – do coração, dos pulmões, da barriga, das artérias para medição da pressão arterial- absorveu o poder de vencer barreiras de língua e manter-se utilizado na sucessão de gerações de médicos. O estetoscópio foi um pioneiro instrumento de globalização tecnológica no âmbito da medicina.

Hoje, o estetoscópio é um símbolo do médico que contribui para não deixar nos esquecermos que a tecnologia tem tradição secular de utilidade no ecossistema da beira do leito com uso associado a uma reponsabilidade… nos ombros profissionais, literalmente.

Neste século XXI, a representatividade do estetoscópio, a grandeza semiótica/diagnóstica que alcançou, de fato, precisa ser relembrada, pois ele está se tornando um adorno do jaleco tendente a virar uma peça de museu frente à força de intencionalidades coletivas para uso de capacidades tecnologias entendidas com mais capacitações informativas e interpretativas.

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