Também é da ética. O médico perante o paciente precisa envolver-se com percepções e, por isso com sensações tradicionais na medicina, como a visão de cianose e do facies, o tato sobre temperatura corpórea, o som da rouquidão, o odor do coma diabético. Sensações trazem significados, afetam e municiam o raciocínio clínico, direcionam para “impressões” diagnósticas, níveis de presteza de condutas terapêuticas.
Sintomas e sinais compõem uma cadeia fisiopatológica com forte conotação ética, pois, de modo bem simples, não percebê-los por desleixo ou por indiferença caracteriza imprudência. Prudência é fidelidade ao futuro- tomamos cuidado ao descer uma escada amanhã não estarmos com entorse do tornozelo. Assim, uma causa que começou num passado – recente ou remoto- desen”cadeia” as percepções subjetivas de sintomas e objetivas de sinais, requerendo providências que incluem impactos no futuro, leiam-se qualidade de vida e sobrevida.
A ética, pois, articula-se com o aspecto temporal da relação saúde/doença. quer no sentido da terapêutica reversora/contensora, quer no sentido preventivo. Razão para que as percepções/sensações trazidas pelos órgãos do sentidos em nível físico de duas pessoas – médico e paciente- persistam de valor e sem substituições radicais para pessoa-máquina.
A noção de complementar para exames de imagem, por exemplo, deve assim permanecer, mesmo quando ela é fortemente decisiva para a integração entre o passado etiopatogênico, o presente clínico e o futuro evolutivo/prognóstico.
Por mais que o progresso tecnológico tenha apequenado o valor do exame clínico, da interação entre sintomas e sinais físicos, tomadas de decisão éticas, com coerência sobre o par de potenciais beneficentes/maleficentes não excluem avaliações do momento clínico, o que exibe peculiaridades nas várias especialidades médicas.
Sintomas e sinais continuam tendo forte ressonância clínica, são imprescindíveis marcadores da percussão e diretrizes acerca do timing do fazer e do não fazer.