A notícia é tão alvissareira quanto preocupante. Cerca de metade do que um jovem médico recém-graduado aprendeu perderá a atualidade após quatro anos.
Neste contexto, a Residência médica é um período de reciclagem da graduação, ao final do qual o médico renovará grande parte de seus conhecimentos, que por sua vez, jamais dispensará atualizações frequentes.
A organização laborativa desenvolvida pelo médico é essencial para que os cuidados sob sua responsabilidade no ecossistema da beira do leito representem não somente aquisição da competência em função do aristotélico É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer, como também renovação de motivações para a pós-graduação continuada, habitualmente apoiada por informações advindas da literatura médica e de contatos com colegas.
O progresso acelerado na contemporaneidade do ecossistema da beira do leito renova lacunas entre os recursos adquiridos e os exigidos, de modo que neste século XXI, os médicos precisam lidar com desafios profissionais e pessoais que demandam incorporações de saberes e práticas de sabedoria com origens nada a ver com medicina, mas que exercem impactos substantivos na conexão médico-paciente. Alô Humanidades!
A Bioética da Beira do leito entende que a simbiose atualização-inovação que caracteriza os investimentos profissionais nos tempos atuais do ecossistema da beira do leito requer a autoconsciência pelo médico desta demanda de transformações periódicas da medicina e o desenvolvimento de um juízo crítico sobre reequilíbrios entre o novo e o resguardo do self. A Bioética da Beira do leito alerta que consciência do individual e a consciência do coletivo necessitam de ampla intercomunicação e tolerância.
Dá-se a curiosa situação de o médico, ao mesmo tempo, ser influenciado por processos de movimentação do estado da arte e ser/estar/ficar responsável pelos efeitos da aplicação. O lidar com os redesenhos num constante uso de lápis e borracha beneficia-se da maturidade para caminhar pari passu com estilo e presença admissíveis para um ser humano na missão de cuidar da saúde – em seu amplo conceito- de outro ser humano, sem descuidar da própria.
A Bioética da Beira do leito entende que o jovem médico precisa ser/estar treinado para se inserir no ecossistema da beira do leito com recursos para as adaptações a constantes revisões de conhecimento, habilidade e atitude (o trio que admite o termo competência) e para os vaivéns de necessidades éticas, morais e legais em circunstâncias técnicas e sociais usualmente complexas.
A Residência médica contém alta proporção de aprendizado por observação indutora de processos cognitivos como fator de eficiência pedagógica. Cada caso clínico, por exemplo, reúne contexto, atividade cognitiva e comportamento reacional/reprodutivo. Novidades incidem sobre a base de então e provocam reciclagem de pensamentos e de atitudes.
A variedade de recursos exigidos é crescente e compreende muito mais do que possa constar num currículo universitário, o que faz lembrar a importância de cultura humanística que ao se iniciar na infância/adolescência torna-se jamais findável. Significa contatos com expertises multiprofissionais e valorização da transdisciplinaridade e sua racionalidade aberta a compartilhamento de saberes sustentados através e além das disciplinas, motivadora de expansões por interconexões entre ciências, tecnologias, artes, filosofia e espiritualidade.
Cada especialidade médica e áreas de atuação requerem uso de recursos fora das obrigações tecnocientíficas em maior ou menor escala e o conceito atual de equipe profissional representa um guarda-chuva que abriga peculiaridades individuais, o concreto e o abstrato. A criatividade, o pensamento crítico e o espectro de aplicações da equipe profissional e a tomada de decisão resultam favorecidos. A Bioética tem função catalizadora!
