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1284- Em detrimento de. Privilégio e Bioética (Parte 8)

A obtenção de uma função, um cargo, uma posição no ecossistema da beira do leito alinhada ao auto entendimento de legítimo crescimento da competência, não por vaidade ou apego excessivo, tem o potencial de associar o dever profissional a uma sensação de prazer. Passa por etapas de existência, validade e eficácia, admite vontade adequada à condição.  

Por isso, perceber oposição ao interesse como fruto de uma visão de preponderância imaginária de outrem pode comprometer a harmonia de continuidade no ambiente, a persistência da vontade pelo pertencimento, em nome de fissuras no binômio direito-liberdade e dos distanciamentos das expectativas pelos processos avaliadores. 

Está acontecendo um privilégio. Não está acontecendo um privilégio. As duas sentenças podem conviver em mesmo ambiente representando a dificuldade de uma precisão avaliadora por pessoas, normas institucionais, épocas e contextos. Um sentido de relativo é frequente sombra em manifestações “indubitáveis” que se contrapõem aceitando ou rejeitando a ocorrência de uma relação entre dois (pelo menos) interessados que admite Em detrimento de.

Em detrimento de é expressão cruel. Fortalecida no solilóquio do médico(a) adquire vigor degenerescente, é sintomático, é sofrido, atormenta por um poço de dúvidas que mexe com o valor das coisas, desestimula a reciprocidade, consome sonhos e vitalidade, é etiopatogenia para burnout. Cada médico(a) assim impactado reage por caminhos abertos pelo “nascimento e pela vida”, desde passividade pelo medo de punição a eventuais atos contestadores ao sistema até insistentes insurgências energizadas na esperança de recompensa. Mansidão versus destemor…   

Em detrimento de entranha, a contraposição vai fundo, golpe de efeito duradouro passa a dominar o pensamento cotidiano, provoca vigília constante e motiva reverberar argumentos favoráveis, mais ou menos verídicos, num sonho permanente sobre o que se deseja alcançar. Direciona a causa do sofrimento para alguém que contávamos a nosso favor para as exigências. Traz ressentimento, queixas e acusações com palavras fortes de uma submissão forçada, válvula de escape da resignação “por enquanto” à “rotina sem a novidade”, exclamações que substituem impossibilidades/adiamentos estratégicos de atitudes. Escancara nosso Narciso que, apegado ao dano, ruminante, envenenado pela indignação, não esquece e não perdoa o outro sentenciado como responsável pela privação ao cobiçado.       

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