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1252- Consenso na beira do leito (Parte 1)

O ecossistema da beira do leito admite um cenário ideal que evolui da queixa do paciente, passa pelo diagnóstico de certeza, prossegue  com a terapêutica útil e eficaz e culmina com a cura ad restitutio, sem sequelas, tudo ocorrido com respeito moral, ético e legal.

Muitos outros cenários acontecem, evidentemente em função de inúmeras combinações dos componentes acima citados incidindo em momentos desde o início até o final da  vida da pessoa.

A crescente disponibilidade de métodos abióticos beneficentes se por um lado permite mais sucesso resolutivo/controlador da história natural das doenças, por outro, paradoxalmente, implica em maior potencial de maleficência no caminho dos acontecimentos diagnósticos, terapêuticos e preventivos.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que um trio constituído de indefinições, incertezas e imprevisibilidades criam uma atmosfera contemporânea ao ecossistema da beira do leito para a conexão profissional da saúde- paciente/familiar-ciências da saúde, habitualmente indissociada das integrações com o sistema de saúde e a instituição de saúde. Uma resultante é a valorização do diálogo, quer vocalizado entre pessoas, quer entre leitor e literatura, quer solilóquio.

Diálogos no ecossistema da beira do leito sustentam informação e conhecimento tecnocientífico sobre fontes propulsoras  ou contensoras para o atendimento às necessidades de saúde num contexto de pluralidade de aspectos humanos envolvidos em cada caso, aliás, atualmente, cabe melhor o termo (a)caso, face a imensidão das possibilidades de agregação etiopatogênica, fisiopatológica e evolutiva natural ou em função de condutas.

A perfeita superposição de proposição pelo profissional da saúde e aceitação pelo paciente é uma idealidade de objetivo do diálogo. Todavia, unanimidade é daquelas palavras que perseguimos mas jamais atingimos no ecossistema da beira do leito, salvo exceções que servem para confirmar a regra. Por mais que aparente um faço minhas suas palavras ao final de um processo dialógico de tomada de decisão, sempre resta uma ressalva, uma objeção na mente do profissional da saúde, na mente do paciente ou na literatura especializada.

Surge, então, a pergunta do tipo bem ao gosto da Bioética: Qual o significado de consenso na atualidade da teoria e prática da aplicação das ciências da saúde? Como se sustenta uma tomada de decisão em si e em função das decorrências se jamais isenta de dúvidas, apesar do máximo de prudência e de zelo?

Numa resposta superficial, qualquer (a)caso clínico no ecossistema da beira do leito tem uma calibragem entre radical consenso e radical dissenso que é firmada pelo diálogo esclarecedor, inclusivo, reflexivo e não coercitivo. Em outras palavras, proporções de consenso e de dissenso estão sempre presentes em tomadas de decisão no ecossistema da beira do leito, quer na alimentação quer na interpretação dos dados e fatos.

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