A Bioética da Beira do leito entende que o uso do termo valência no jargão da conexão profissional da saúde-paciente facilita a compreensão dos vaivéns mentais para as seleções de opões. No ecossistema da beira do leito acolhe tanto combinação do seu significado em química, quanto atração do seu significado em psicologia, dois sentidos presentes no desenvolvimento opinativo e atitudinal dos processos decisórios na saúde. Beneficia uma linguagem-alicerce- para situações em que um método “combina” com a fisiopatologia, mas “não atrai” o paciente (não dá química psicológica), ou vice-versa.
O auxílio à compreensão de contraposições entre profissional da saúde e paciente tem suporte na afirmação que sal se dissolve em água não se realiza se ela estiver no estado de gelo ou de vapor, ou seja mesmo H2O tem valências de dissolução e de não dissolução para o mesmo sal. É metáfora que a Bioética da Beira do leito utiliza para explicar a diferença entre beneficência (potencialidade coletiva) e benefício (realização individual).
Vale ressaltar que o termo valência no âmbito da saúde foi introduzido em contextos da experiência emocional humana sobre atração para objetivos almejados e repulsão para os indesejados. Expandiu-se e conectou-se com expressões de dubiedade – ambivalência- no processo de tomada de decisão. Valências distribuem-se como avaliações favoráveis ou desfavoráveis para satisfação de expectativas, necessidades e valores, para o alcance de objetivos e que motivam mobilizações próprias e de outros para adaptações preferenciais às situações.
A utilidade da valência inclui a decodificação da comunicação expressa na linguagem corporal e na vocalização das palavras. Não infrequente, a emissão de uma frase de aprovação do paciente ao médico se mostra desajustada da expressão facial e do modo de vocalização, sugerindo persistência de ambivalência – ou mesmo, desconformidade com a valência verbalizada.
Assim sendo, em prol do manejo das crescentes complexidades tecnocientíficas neste século XXI de tantas previsões de inusitadas transformações, a Bioética da Beira do leito sugere que a incorporação do termo valência beneficia a comunicação e a interação sobre o captado das inevitáveis decisões e indecisões em juízos técnicos e humanos, quer do profissional da saúde, quer do paciente. Por um raciocínio algorítmico do médico, por exemplo, o compromisso com o melhor direcionamento decisório costuma provocar análise detalhada de valência favorável de métodos.
Ocorre que a situação provisória de ambivalência, que, inclusive, pode se manter com algum grau após a progressão de fase. Meus professores me ensinaram que por mais que possa haver um fechamento de convicção, é sempre conveniente deixar a porta entreaberta, ou seja, a adoção da sabedoria popular do Vai que… uma precaução pela cogitação que o desconhecido e o imprevisível possam vir a modificar a linha demarcatória entre as valências.