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1239- Valências no ecossistema da beira do leito (Parte 1)

Bioamigo, a história da medicina é apaixonante! Desde o “Pai da medicina” retirar “o cuidado com o doente” dos deuses e assumir um ser humano cuidando de outro ser humano”, milhares de “filhos” do imortal Hipócrates – só se torna imortal quem morre- portam seu (dele) DNA incentivador de ultrapassagens de limites alinhadas cada vez mais à tecnociência inovadora.

Nosso momento histórico inclui métodos que exigem maior grau de participação/repercussão mental e física do paciente com morbidades que há pouco tempo – numa escala histórica- não tinham chance de nenhum impacto beneficente sobre a história natural. Requerem, outrossim, análise profissional detalhada sobre prós e contras de aplicação dos mesmos nas circunstâncias clínicas.

A beneficência terapêutica/preventiva da disponibilidade dos métodos em relação a dores e sofrimentos do paciente traz o potencial de agregação de outras dores e sofrimentos e a beneficência diagnóstica faz com que o velho adjetivo complementar para expressar exames para arrematar a anamnese e o exame físico seja fagocitado por uma soberania de máquina e ressurja sob novos sentidos.

Como dito por Ralph Waldo Emerson (1803-1882): cada doce tem seu amargor, cada mal, seu bem. Ou de maneira mais leve: até mesmo um relógio que não funciona marca a hora certa duas vezes por dia. Atualmente, figura-se a recomendação-bumerangue, ela vai ao paciente como potencial beneficente e retorna ao médico com uma avaliação que se alinha à veracidade que não existem duas pessoas iguais.

Nesta trajetória, o paciente tem o direito de verbalizar suas seleções como “doçura” ou “amargor”, “bom” ou “mau” a respeito dos métodos recomendados e o médico tem o dever de respeitá-las no contexto da (não) aplicação. Cada método é uma “célula-tronco” que se diferencia na apreciação e/ou na realização em função de individualidades do paciente. Por isso, a de fato hora certa da diferenciação – não ao acaso- é essencial para sustentar as chances de sucesso e evitar o declive escorregadio da história natural.

O século XX testemunhou notáveis transformações na área da saúde e, justamente no âmbito do alertado por Waldo Emerson, um teólogo, Paul Max Fritz Jahr (1895-1953) inquietou-se com os rumos da ciência  sobre o ser humano e asseverou que todo ser humano deve ser tratado como princípio e fim em si mesmo (1927) e um bioquímico, Van Rensselaer Potter (1911-2001), enfatizou o respeito a uma ética como dimensão de si a si que protege o outro de coerções, numa perspectiva interdisciplinar e intercultural alinhada ao sentido de humanidade (1971). Ambos foram adotados irmãos da prole universal de Hipócrates em nome do neologismo Bioética.

Suas ideias prosperaram e motivam uma militância entusiasta multifacetada. A Bioética da Beira do leito é uma de suas faces com objetivo prático nomeada pela metáfora beira do leito – cunhada na Idade Média por Guglielmus de Saliceto (1210- 1277)- como expressão de todo local onde se manifesta a integridade profissional na área da saúde. Pela consideração de um EPI (Equipamento de Proteção Individual) com seus dois sentidos de direção, seu lema é: Bioética, não chegue à beira do leito sem ela. 

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