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1234- Inteligência natural humana no ecossistema da beira do leito (Parte 2)

SEGURANÇA

A cultura de segurança do paciente melhorou nas últimas décadas por iniciativas em vários setores de atendimento, inclusive, tendo buscado inspiração na aviação comercial, ou seja, no intercâmbio entre decorrências do uso social da inteligência natural humana.

Considerando a Pirâmide de Maslow (Abraham Harold, 1908-1970), a segurança ocupa um nível hierárquico nas necessidades humanas, no caso do ecossistema da beira do leito, uma responsabilidade profissional para com o paciente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Treinamentos baseados em simulações, padronizações de trabalho, checklists operacionais, análises do fator humano cooperam para a aplicação bem sucedida da tecnociência em circunstâncias que envolvem infinitas conexões entre doenças e condutas diagnósticas, terapêuticas e preventivas com total participação humana.

A segurança do paciente conjuga-se com o princípio da não maleficência e com a ética da prudência, ambos ampliados na presença no ecossistema da beira do leito nas últimas décadas e que tiveram um forte ponto de referência para discussões e pesquisas em To Err is Human: Building a Safer Health System publicado em 1999 pelo The Institute of Medicine (IOM).

Cuidar da segurança do paciente é subentender que qualquer método nas ciências da saúde carrega um potencial de dano, previsível ou não. Ademais, reforça a imperiosidade da pesquisa clínica que deve anteceder a aplicação assistencial de novidades, bem como a anotação detalhada dos resultados na chamada fase de mercado. A revogação de validações acontecidas – talidomida, fenfluramina, dexfenfluramina,
fenilpropanolamina, cerivastatina e rofecoxibe- atesta o permanente uso adaptativo da inteligência natural humana a serviço da segurança farmacológica.

 

APRENDIZADO EM SERVIÇO

Não se nasce profissional da saúde, diploma-se um projeto de profissional da saúde, é o aprendizado em serviço que autentica um profissional da saúde, expressão do famoso o paciente como texto legado por William Bart Osler (1849-1919). Por meio da inteligência natural, o profissional da saúde compreende (a)caso a (a)caso os meandros da conexão com o paciente, suas responsabilidades, os modos como os conhecimentos vão se acumulando e se transformando, desenvolve confiança para ajustes individualizados, para desprender-se do efeito manada – de diretrizes e de protocolos- quando necessário para o melhor interesse do paciente.

 

ORGANIZAÇÃO DE DADOS

Tarefas envolvendo dados coletados e acessórios ao atendimento sob responsabilidade do profissional da saúde foram progressivamente acrescidas na contemporaneidade da atenção à saúde, demandando aquisição, organização e análise. Por meio da inteligência natural humana, o profissional da saúde  presta-se a equilibrar a importância (escala de valor dele) com a  relevância (escala de valor do outro).

O profissional da saúde “analógico” desde a formatura até a aposentadoria expande-se para tornar o mais amigável possível suas relações com a tecnociência e a natureza humana da aplicação, para equilibrar reações com flexibilidade e dedução cuidadosa, para dedicar-se a algum ramo da profissão e afastar-se dos demais, consciente da inconveniência de arroubos de omnisciência.

Seus hábitos profissionais, vale dizer como lida vocacionalmente nos ambientes de trabalho, são produtos altamente influenciados pela inteligência, pela capacidade para aprender a aprender, prover resoluções fazendo escolhas, adquirir esquemas de raciocínio e expressá-los por linguagem adequada sensível ao reconhecer-se e ao outro.

A Bioética da Beira do leito alerta para a necessidade de aprofundar reflexões acerca de apreciações do profissional da saúde como fornecedor, prestador de serviço, burocrata da saúde, inclusive que o respeito ao princípio da autonomia favorece o desejo do consumidor e uma situação de anonimato para o profissional da saúde.

Por isso, é essencial que a inteligência natural esteja sempre alerta para sustentar um exercício profissional em termos de: 1- limites vocacionais; 2- adequação da retribuição pecuniária como consequência; 3- nível de tolerância no âmbito de entendimentos externos de obrigações; 4- compromisso com a moralidade, 5- comprometimento com interpretação ética; 6- equilíbrio com a vida pessoal; 7-  presença nos cuidados, estar à testa no nível da sua competência; 8- perfeita noção dos passos profissionais ante os (a)casos sob sua responsabilidade; 9- personalidade para efetuar ajustes entendidos como criteriosos; 10- juízo crítico e imparcial sobre as evoluções, especialmente para evitar perdas de oportunidades para redirecionamentos.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que o valor da inteligência natural humana no exercício profissional não se limita a perspectivas técnicas e éticas, mas também a aspectos sociais com forte participação das inovações, incluindo as realidades da constante reconceituação da conexão profissional da saúde-paciente.

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