Será, bioamigo, que a tomada de decisão compartilhada entre médico e paciente representa uma confiança de identificação? Será que o paternalismo – o brando favorece firmar confiança no conhecimento em questão? Será que o paternalismo – o forte arrisca-se a uma confiança por intimidação?
Bioamigo, a confiança na conexão médico-paciente não é uma crença de contornos definidos, sempre um valor articulado a substratos jamais antiéticos vantajoso para reduzir o temor ao desconhecido, minimizar a insegurança para tomadas de decisões e afastar o receio das incertezas da tecnociência.
Dilemas do médico contemporâneos na beira do leito resultam de apreciações de como o livre-arbítrio dos pacientes sob influências objetivas e subjetivas resulta em mais ou menos confiança nas suas orientações. Eles precisam considerar que interesses variados estão frequente presentes conjugando-se aos imperativos das relações de risco/benefício observadas nos procedimentos diagnósticos, terapêuticos e preventivos na medicina .
A Bioética da Beira do leito enfatiza a necessidade de reconhecer na beira do leito contemporânea dissociações entre posse de conhecimento/habilidade tecnocientífica e comportamento profissional, pois afetam distintamente o desenvolvimento da confiança. A Bioética da Beira do leito ousa, inclusive, presumir que a expansão do conhecimento/habilidade beneficente/não maleficente validado porque guarda uma tendência de colocar a visão profissional de tecnociência acima de desejos, preferências e valores do paciente provoca excessos de expectativa do médico na obtenção da confiança do paciente. Não é incomum um Sim do paciente contaminado por sérias desconfianças.
Em geral, bioamigo, devemos pressupor que o Sim verbalizado pelo paciente associa-se a um bom nível de confiança fundamentado num julgamento crítico do apresentado e proposto acerca do exercício da prudência na seleção do conhecimento e no zelo na sua aplicação pelo médico. É fundamental em face das vulnerabilidades à situação clínica. A continuidade da interdependência, por exemplo, facilita o consentimento pela confiança em pacientes crônicos, clientes fiéis.
A Bioética da Beira do leito adverte que a primeira manifestação de confiança é a do médico na medicina validada e na sua capacidade de apreendê-la e aplicá-la. É a autoconfiança que autoriza esforçar-se para obter a confiança do paciente. Atualmente, uma composição de equipe profissional amplia o contexto da confiança para dimensões multiprofissionais e transdisciplinares.
A Bioética da Beira do leito empenha-se para proporcionar reflexões atualizadas sobre o valor da preservação em alto nível do valor da confiança entre médico e paciente na beira do leito, entendendo-a essencial para qualificar os aspectos éticos/morais/legais da conexão entre ambos, especialmente em relação ao desempenho cooperativo, compartilhamento de informações, visão de segurança e liberdade/espontaneidade de expressão. Em suma, a mútua confiança entre médico e paciente facilita a coordenação/consecução eficiente das condutas.
A Bioética da Beira do leito acentua que a educação e o treinamento na área da saúde visando a preservação do valor da confiança precisa ressaltar o imperioso compromisso com a integridade fundamentada na honestidade, competência, consistência associada à segurança e previsibilidade, lealdade e a disposição para aberturas. Membros de Comitês de Bioética devem dispor de estratégias e dar suporte para motivação e organização de estudo, idealmente considerando ajustes de flexibilização em face, por exemplo, das tarefas exigidas pelos diversos programas de Residência Médica.