A simultaneidade de aprendizado para a nova circunstância com questionamentos acerca da tecnociência validada para outras situações fez com que grandes lacunas da terapêutica e da prevenção paradoxalmente aproximassem distintas gerações de profissionais da saúde, assim evidenciando uma interessante variação do conceito que uma geração de médicos educa a seguinte.
Alertou, ademais, que, as gerações prévias não deixam de aprender com as subsequentes, não há um rígido e exclusivo sentido do mais velho para o mais novo profissional da saúde. Na minha vivência de beira do leito com Residentes de Medicina pude modificar-se com certa frequência por conviver com jovens observadores e criativos que trouxeram jeitos diferentes – e eficientes- de pensar e de atuar, livres de molduras da rotina ainda não bem incorporada. O arejamento dado pelos primórdios da competência.
A Bioética da Beira do leito registrou entre nós na pandemia que Serviços bem constituídos procuraram desenvolver uma organização mais adequada para as circunstâncias calidoscópicas, reconhecendo contextos e orientando direcionamento de condutas. assim influenciando a equipe de profissionais numa mistura de aprendizados e ensinamentos sob responsabilidade ética/moral/legal e preocupação humana.
Há várias formas de organização da educação na área da Saúde. A Bioética da Beira do leito adverte que Comitês de Bioética devem envolver-se com a educação e o treinamento de jovens profissionais da saúde acerca dos aspectos éticos/morais e legais da assistência ao paciente na beira do leito. O cotidiano revela inúmeras falhas e equívocos relacionados especialmente ao noviciado/despreparo em atitudes que precisam ser corrigidas nas individualidades e servirem de ponto de referência pedagógica para o coletivo.
Sabemos que a graduação é insuficiente para o preparo visando a lidar com desafios, dilemas e conflitos e que a supervisão em serviço é eficiente para prover as adaptações comportamentais ao mundo real da beira do leito. Cada parceria supervisor-supervisionado motiva o aprimoramento caso a caso de ambos e faz crescer o Sistema da Supervisão por um efeito colegiado de integração em Comitê de Bioética.
A vivência tem mostrado uma resistência de quem Comitês de Bioética pretendem dar uma colaboração de supervisão. Percebi uma apreciação de não fundamental, de uma perda de tempo qualitativo para o “que realmente interessa” que seria a aquisição de conhecimentos e das habilidades em Tecnociência, associada à sensação que a atitude “a gente de alguma forma resolve”. Por outro lado, possíveis supervisores não se sentem motivados, preocupam-se com aumento de carga de obrigações.
Entendo que a supervisão desta natureza tem suas peculiaridades. Mas, entendo também que existem colegas aptos a aceitarem o desafio de construir um modo de supervisão adequado que possa satisfazer a ambas as partes. Uma educação em serviço sobre prudência, encorajamento e evitação de juízo moralizante.