A bula que vem enrolada com o medicamento e faz o paciente desistir de tomar o fármaco beneficente – sem oposição ao médico prescritor- em nome de uma Não maleficência com alta dose de preocupação imaginativa e protetora do Nocebo, que nos diga como é ser um documento imposto por razões de preocupações distantes da beira do leito! A bula, bioamigo, pode ser vista como uma intimidação travestida de alerta. Bioamigo, como você classificaria e reagiria a
Desordens cardiovasculares
- Palpitações, taquicardia, arritmias, aumento da pulsação e da pressão arterial, insuficiência cardíaca, angina (dor no peito), infarto do miocárdio, parada cardíaca.
na relação de reações adversas do bula do fármaco que toma em uso contínuo?
A preocupação pode também vir a ser em contínuo, pois a informação gera um sentido de violência, uma ideia de erva daninha que mexe com a vivência. Uma analogia é admissível com a redação do Termo de consentimento como porta-voz oficial e que tem como única “assistência” a dupla antibioética de palavras Assine Aqui (escolha forçada? Um laço captador?). Simula pasta de dente, depois que sai do tubo, é impossível reverter o aperto dado.
A Bioética da Beira do leito entende que o profissional da saúde necessita estar bem consciente acerca dos tipos de preocupação na beira do leito e esmerar-se em bem classificá-las. Bioamigo, a preocupação – uma fala para si próprio que é em geral repetitiva por receio de evento indesejado- tem o modo positivo pela utilidade para a busca pelo controle da situação, pela ideia como base que faz encontrar caminhos.
Todavia, há o modo negativo, em que ocorrem repetições sem que haja soluções ou, então, as preocupações resultam acompanhadas de emoções indesejadas. Elas trazem excessiva ansiedade e, por isso, instigam desejos de evitação, afastar-se do incômodo da visão de andar em círculos de improdutividade e de perda de tempo. É modo que traz desafios à conformidade com a autonomia profissional e suas interpretações polêmicas.
Bioamigo, o profissional da saúde é um arquiteto de preocupações, não há como impedir este locus de vivência na beira do leito. Pode-se afirmar que ele se torna profissional porque justamente as desenvolve ao assumir responsabilidades e com elas lida numa integração da ciência com o ser humano, uma complexidade onde há forte influência da sequência sentir, pensar e atuar.
No jargão médico, preocupação profissional é representada por processar o diagnóstico, planejar a terapêutica, avaliar o prognóstico, acompanhar a evolução do aplicado, ou seja, alinha-se ao estado mental que parte do negativo da história natural da doença na direção do benefício reversor/controlador da aplicação da tecnociência e que se faz ciente das muitas potencialidades. Homenageando René Descartes (1596-1650): Preocupo-me com o paciente, logo existo como profissional da saúde.