Bioamigo, a participação da inteligência emocional ajuda o profissional da saúde a lidar com a diversidade e complexidade de situações da beira do leito contemporânea. É útil para o equilíbrio entre pensar e sentir no processo de tomada de decisão onde não faltam emoções articuladas com a interação entre rigor tecnocientífico, abertura para o desconhecido/imprevisível e tolerância a contraposições de opinião.
A vivência na beira do leito coleciona impactos emocionais associados a situações clínicas – por exemplo, má evolução do paciente após nossa conduta terapêutica- que de certa forma influenciam o comportamento profissional, muitas vezes provocando subsequentes evitações de envolvimento para se prevenir da possibilidade de repetição das desagradáveis emoções.
Assim, o profissional da saúde pode na beira do leito ter uma reação negativa a determinada atuação e na repetição da circunstância, ante a antecipação da perspectiva desagradável, ocorrem combinações entre o sentimento vivenciado, o pensamento assim desencadeado e a atuação que adotará.
Num extremo, a mente profissional impactada se torna um gatilho de um temor paralisante para prescrever, ou de uma irritação com um não consentimento do paciente, noutro extremo, dá-se uma total desconexão entre o porventura vivenciado e o novo atendimento.
Representam participações distintas da inteligência emocional, ou seja, graus de trabalho com o sentimento desencadeado, o quanto é possível não reagir automaticamente e privilegiar o objetivo do atendimento com empatia. Entre os extremos, há as calibragens idealmente individualizadas e sustentados pela prudência com o saber e pela sabedoria alinhada à experiência. Os ajustamentos procuram as medidas mais adaptáveis e comprometidas em rechaçar tanto a pusilanimidade quanto a temeridade.
Além de genética, aspectos culturais, experiências, a riqueza de vocabulário tem papel relevante na participação da inteligência emocional pelo profissional da saúde. Usamos a linguagem para pensar e, assim, lidar com as emoções depende da capacidade para nos valemos das palavras para as expressar.
A Bioética da Beira do leito entende que o treinamento acerca da reação emocional às circunstâncias da beira do leito, como reconhecê-las, clareá-las e delas cuidar, é fundamental para qualificar a conexão médico-paciente. Ele coopera para ativar a inteligência emocional pois traz à rotina a conscientização do estado emocional na ocasião, a capacidade de pensar em opções admissíveis e assim permite eventuais ajustes alinhados com o profissionalismo que se pretende aplicar na beira do leito.