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1097- Acasos da beira do leito. Causos da Bioética (Parte 3)

A propedêutica baseada na imagem – macroscopia in vivo – é um dos pontos altos do interesse da Bioética da Beira do leito pela expansão da certeza clínica de beira de leito. A atenção dirige-se para a imagem-ouro.  O deslocamento progressivo do padrão-ouro desde a histórica verdade anatomopatológica – acerto para um futuro caso – para a precisão iconográfica in vivo se por um lado não deve obscurecer a lucidez clínica, por outro antecipa diagnósticos.

A Bioética da Beira do leito adverte que o ditado “uma imagem vale mais do que mil palavras” pode ser tanto um indevido a descartar quanto um devido a gerar providências, depende do acaso em tela. As implicações éticas calcadas em prudência e zelo são calidoscópicas.

A integração entre “a clínica é soberana e a imagem é poderosa”, visão clínica de um lado e visão processada do outro, idealmente fundidas num ciclópico olho de médico precisa estar atenta para evitar  “estrabismos éticos”. De fato, “nem tudo que reluz é padrão-ouro”, na beira do leito de tantos acasos clínicos.

Superposições e contraposições entre a soberania da clínica e o poder da imagem sustentam revisões periódicas de processos de decisão nos acasos da beira do leito; são ajustes em prol do “tempo é prognóstico”, como perdas de oportunidades, afinados com um conceito essencial da beira do leito: ter dúvidas não significa descrer. A visão crítica é investimento ético.

O “eu” do médico cuja prescrição será para o paciente o sagrado tratamento que vai resolver seus males  convive com o “eu” insatisfeito com o real alcance da conduta que adotou, com o “eu” que pensa ainda propor outro método para confirmação do diagnóstico que orientou a atual farmacoterapia e sustentar uma expansão prescritiva, com o “eu” impelido a melhor fazer compreender seu saber ante hesitações do paciente e com o “eu” resignado a tolerar os limites. A integração destes “eus” adquiriu forte influência da “palavra da imagem macroscopia in vivo”, profícua produtora de acasos da beira do leito.

A Bioética da Beira do leito mentaliza, neste contexto, a beira do leito frequentada por heterônimos, cada qual surgindo como uma reação do ortônimo às convergências e divergências proporcionadas pelos acasos da beira do leito. Ampliação de comorbidades insuspeitadas sem o concurso da imagem, polifarmácia e crenças reúnem-se a maior expectativa de vida da população e constituem reforço para a contribuição da Bioética da Beira do leito acerca da harmonia  dos vários “eus” no planejamento beneficente/não-maleficente dos acasos clínicos. Ademais, a conjunção de “eus” expande-se com a necessidade do trabalho em equipe multiprofissional e transdisciplinar.

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