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1025- Ética pratica-se (Parte 4) –

Goethe

A Bioética da Beira do leito enfatiza a relevância da consideração do momento na beira do leito pelo profissional da saúde.

Físicos ensinam que o tempo e o espaço não somente afetam mas também são afetados por tudo que acontece no universo. Ademais que cada indivíduo tem sua própria sensação sobre o passar do tempo, personalização do tempo que traz a necessidade de adjetivar o tempo como quantitativo – cronologia do relógio- e como qualitativo- interpretativo e variável com as circunstâncias.

Pode-se conjecturar, pois, que cada momento na beira do leito, um determinado agora na sequência de “agoras” sem começo e sem fim, simplesmente um encadeamento sem fronteiras, especifica tempo de aplicação de tecnociência e espaço da ética e que dividem mútuas influências.

Aguardar ocasião certa (watching waiting) e perda da oportunidade são dois extremos de apreciação ética sobre conduta clínica envolvendo o momento, enquanto que obstinação terapêutica relaciona-se ao conceito da inoportunidade do momento que mais recentemente foi aprofundado pela ortotanásia na terminalidade da vida. A poesia do polímata Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) é pedagógica.

O bioamigo deve concordar que há uma permanente tensão no universo que mantém momentos de hostilidade, confronto, guerra. Muito embora seja criticável fazer analogia entre combate à doença e uma guerra, 10 títulos de capítulos do livro A Arte da Guerra de Sun Tzu (544 ac- 496 ac) ilustram correspondências ressonantes.A Arte da Guerra

Os momentos da pandemia pelo novo coronavírus torna atual o resgate  da frase proferida pelo Almirante Barroso (Francisco Manuel Barroso da Silva, Barão do Amazonas, 1804-1882), na Batalha do Riachuelo da Guerra do Paraguai: O Brasil espera que cada um cumpra o seu dever.

Neste sentido da responsabilidade com o momento, é saudável ter em mente a máxima do filósofo Immanuel Kant (1724-1804): trate cada ser humano como um fim e não como um meio. Localizando ao ecossistema da beira do leito, é essencial para que todos os bióticos nela intervenientes se respeitem como agentes morais e livres. A Bioética da Beira do leito entende que sem a moral dos bióticos partícipes do ecossistema da beira do leito, sem os sentimentos provocados que sustentam habituais expressões de drama, a tecnociência seria árida.

Nada mais justo para o proveito das humanidades para a beira do leito contemporânea aplicar o consignado também pelo general Sun Tzu: Se você conhece o inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas; se você se conhece mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá uma derrota; se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas. Que as humanidades ampliam os conhecimentos sobre a vida  e aumentam chances de sucesso de pretensões de realizações é verdade incontestável.

A Bioética da Beira do leito endossa a valorização das humanidades na formação do profissional da saúde. Representa a ideia que uma educação multifacetada desprovida de objetivo imediatista é essencial para promover harmonia na beira do leito, evitar a fragmentação entre tecnociência e atitude, desestimular indiferenças em razão de pontos de vistas discordantes.

Numa exaltação por uma escapada para o passado, extraio da minha querida e carnavalesca cidade natal uma fonte para analogia: as humanidades cooperam para que o profissional da saúde “não atravesse” a beira do leito.

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