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1023- Ética pratica-se (Parte 2)

As interações entre intelecto e sentimento são complexas nos inúmeros cenários da beira do leito com necessidade de um escrutínio entre certo e errado, do aspecto ético portanto.

São muitas dobraduras a serem desfeitas que motivam a Bioética da Beira do leito preconizar que a vida profissional na beira do leito contemporânea não deve prescindir de conexões entre a ciência, a filosofia e o olhar proporcionado pela sabedoria. Recomendação em prol da preservação de valores e como antídoto contra situações de niilismo moral.

A relevância da tríplice conjunção nos remete às humanidades, este difusor de valores, propulsor do respeito interpessoal apreendido das tendências plurais de pensamento, imunizante contra perda de valores, ferramenta antissimplista e construtiva que nos anima a captar o rol das vantagens proporcionadas ao longo da história da humanidade. São noções inspiradoras para a contemporaneidade do profissionalismo na beira do leito, para aplicação no ponto de encontro com alto impacto da biologia via tecnociência com as realidades da vida  e onde faz-se necessário forte alinhamento com ciências aplicadas (engenharia hospitalar, economia da gestão hospitalar, tecnologia da informação, inteligência artificial).

Definitivamente, a beira do leito científica, comprometida com os saberes positivos e de natureza empírica, não é local inóspito para as humanidades, nenhuma delas sem exceção. No indispensável intuito de promover sensibilidade ao jeito humano de enxergar o ser humano no contexto do ecossistema da beira do leito, é bem-vindo o pensamento reflexivo com vieses humanísticos do conhecimento e do suprassensível, o acolhimento à virtualidade da crítica norteadora, representações de benefícios para a sintonia entre profissional da saúde, paciente e ciências da saúde.

As potencialidades beneficentes/não maleficentes das várias formas de pensamento estimuladas pelas humanidades atuando de braços dados com a tecnociência e íntimas da sabedoria na beira do leito dão sentido à pretensão da Bioética da Beira do leito de desencastelá-las de um sentido de pensamento tão somente por curiosidade intelectual e imergi-las na vivência multitarefa da beira do leito.

O patrimônio da filosofia, da literatura e das artes aplicado na beira do leito coopera para dar equilíbrio ao uso da tecnociência sob grau de humanização que se pretende atualmente. Quem tem a oportunidade de perceber uma profícua intercomunicação profissional da saúde-paciente pela linguagem assim “poliglota” à beira do leito torna-se adepto dos benefícios da receptividade às humanidades.

A Bioética da Beira do leito enfatiza que a adequação das humanidades à beira do leito impacta sobre a resolução dos  inevitáveis desafios  quer os restritos à tecnociência, quer os adstritos à ética. Frente às incertezas equacionáveis e resolvíveis em maior ou menor grau, às vontades divididas, às realidades que provocam querer de um jeito e ter que fazer de outro, o profissional da saúde encontra fios condutores entre as humanidades.

Bioamigo, é capital  ter em mente que para atender ao conjunto de desafios na beira do leito não há um conceito único admissível na aplicação das ciências da saúde que permita organizar qualquer coisa, interpretar cada situação, fazer escolhas, reduzir condutas ao consenso. De modo semelhante, não há um só ideal de ética.

Na busca por modelos, o consolidado pelas humanidades apóia a pluralidade e não reconhecer soa uma renúncia intelectual e um desperdício do potencial humanizador. A valorização das humanidades com seu potencial de interpretações e analogias não significa depreciação da tecnociência baseada em evidências. Um possível mais real pela visão de um profissional da saúde também pensador sobre humanidades em nada afeta o compromisso com o estado da arte nas ciências da saúde.

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