A Bioética da Beira do leito reforça que cada caso – sempre um refém do seu tempo e que se submete ao então validado- constitui uma unidade distinta com potencialidade de contraposições, conflitos, dilemas, indeterminações e, por isso, necessitada de relações plurais em quantidade e qualidade peculiares. Organizar nem sempre é fácil e facilita se houver uma composição de análise com fundamentação da Bioética para reconhecer e atingir a condição de possibilidade, tanto a tecnocientífica, quanto a do humanismo. Uma homenagem a Hipócrates (460ac-370ac) que acabou com o entusiasmo místico da medicina exercida pelos deuses.
Há uma forma ética, moral e legal a ser respeitada mas que tem que dispor de um grau de flexibilidade para satisfazer particularidades aceitáveis, justificáveis e aplicáveis. Uma vez mergulhado no âmago das questões, cumpre à Bioética cooperar para trazer à tona causas e efeitos colocados de modo coerente, nunca esquecendo que , por exemplo, acusar o excesso de ingestão de hidratos de carbono como causa do diabete pode representar um superficialismo se não for considerado o genoma predisponente.
A expressão dos fatos- sintomas, sinais, não consentimento- é fio condutor que se vale de uma tapete causal, como induziu ao longo da história da medicina ao nascimento dos conceitos de etiopatogenia e de fisiopatologia e, mais recentemente, do respeito à voz ativa do paciente (princípio da autonomia).
A Bioética da Beira do leito adverte sobre a responsabilidade do profissional da saúde de lidar com qualquer situação que cogite prejudicar o arranjo respeitoso da conduta, dentro da integração beneficência, não maleficência e autonomia, mesmo quando prevalece o pensamento que o bem bem por ele cogitado é válido e influenciador do prognóstico sobre sobrevida e qualidade de vida.
A Bioética da Beira do leito repara que a ilusão sobre uma intenção é forte aspecto pois gira em torno da ética responsabilidade – ou da prudência-, aquela que afirma que devemos responder não somente pelas intenções ou princípios, mas também pelas consequências de nossos atos, tanto quanto possamos prevê–las.
A Bioética da Beira do leito alerta que impõe-se o desenvolvimento de um treinamento para moderar um conjunto de normas que se preconiza para o profissional da saúde em função do momento na beira do leito influenciado pela instância humana- uma caixinha de surpresas plena de desejos, preferências, objetivos e valores-, ou seja, o que poderia ser mais prudente face ao risco ético. Exemplo é a a integração entre os artigos 31- É vedado ao médico desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte e 32: É vedado ao médico deixar de usar todos os meios disponíveis de promoção de saúde e de prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente.
A Bioética da Beira do leito tem como essencial na beira do leito a evitação de um abismo profissional gerado por uma equivocada ideia de conflito entre o melhor da tradição do exercício de ser médico – clínica soberana, olho clínico, visão clínica de conjunto – e evidências científicas por conclusão de pesquisas clínicas. e os propósitos da medicina baseada em evidências. É consideração que pode ser resumida na calibragem de um visão de profeta – o bem por vir- pelo médico que todo o paciente pretende saber, no diagnóstico, na terapêutica, na prevenção e, evidentemente, no prognóstico.