Bioamigo, não é exagero, as evidências se sucedem e são perceptíveis por quem tem o privilégio de um assento representativo num Comitê de Bioética. A vantagem de usufruir do fascínio da coisa jamais repetida sem algo a mais, matérias-primas diversificadas em permanente reconstrução e oferecendo acessos a incertezas, indeterminações e até desconhecimentos.
Um Comitê de Bioética é naturalmente peculiar, diferenças são nítidas com uma Comissão de Ética Médica ligada ao CRM ou uma Comissão de Ética em Pesquisa. É militância genuína e entusiasmada numa atmosfera de curiosidade intelectual plena de interrogações, contradições e ambivalências que exige para o sucesso promover e cancelar muito do aprendido com rigidez e de priorizações disciplinares em prol da prudência e da liberdade.
Num Comitê de Bioética recruta-se para constituir uma organização polímata, pois necessita conhecer e se envolver com diversos saberes para proporcionar inclusão, remover preconceitos, (in)validar comportamentos, enfim contribuir para incorporar um espírito de mediação em meio a distintos conflitos, reações aparentemente incompreensíveis e indignações.
A polimatia no âmago de um Comitê de Bioética ajuda a entender e a propagar que a aplicação da tecnociência não deve ser considerada como um bem unânime, pois é passível de provocar adversidades.
Esta obrigatoriedade de ponderação alinha-se com o constante desenvolvimento de conhecimentos da tecnociência para os quais um Comitê de Bioética precisa acompanhar e dominar na dimensão do humanismo. Há necessidade de um pensar amplo e profundo com grande sabedoria sobre o passado como ponto de referência para projeções de futuro.
O aspecto prático da polimatia num Comitê de Bioética é a transdisciplinaridade. Cada membro contribui com sua expertise, o que tem um alto efeito didático, pois todos aprendem recortes de saber variado entre si, assim produzindo uma identidade polímata que permite ver as questões sob múltiplas perspectivas.
Desta maneira, um Comitê de Bioética organiza-se para dar ouvidos tanto às vozes do profissional da saúde quanto às vozes do paciente leigo, apreciar os pontos de vista, além de conseguir transitar sobre os aspectos gerais e particulares da permanente integração entre a inovação e o clássico.
A polimatia de um Comitê de Bioética é fundamental para promover a sem precedente intensidade de conexões entre bióticos e abióticos no ecossistema da beira do leito num plano acima do superficial mas sem exigência de superespecializações em alguma área. O essencial é que as ponderações possuam uma integração ética/moral e legal ajustada às circunstâncias.
Um Comitê de Bioética tem que estar atualizado nas disciplinas que são habitualmente utilizadas nos diversos campos do saber, ou seja, prover-se de uma polimatia quantum satis para suas missões.