A Bioética da Beira do leito chama a atenção que a beira do leito é local de componentes da restrita coleção de inquestionáveis como graus elevados de consistência, coerência e adequação atitudinais exigentes para os atendimentos.
A ausência de contradição como consistência, a existência da conexão harmônica da coerência e a presença da qualificação da adequação fazem-se imprescindíveis na condução diagnóstica, terapêutica e preventiva. Aprende-se desde cedo na beira do leito que destituído da tríade incômodas pedras de questionamentos salpicam o caminho da integração entre tecnociência e humanismo.
Afinal, todo desenrolar de caso exige da beira do leito a percepção de sentidos motivacionais e a aplicação de sentidos operacionais articulados com autenticidades e legitimidades. A Bioética da Beira do leito avalia como beira do leito inconsistente/incoerente/inadequada estes entendimentos inexistem, ou se fazem ocultos.
É difícil falar em 100% consistente/coerente/adequado em razão da multiplicidade de aspectos envolvidos num caso clínico, assim, suas proporções contam muito, por exemplo, uma forte harmonia entre profissional da saúde e paciente que supera certas contradições de pressupostos de benefícios e malefícios.
Regulações exigem códigos de valores e regras de ação propostos por aparelhos prescritivos. As fontes de prescrição são múltiplas e envolvem a educação familiar, o tempo no ensino fundamental, a convivência em sociedade, a influência do contato com a literatura e as artes em geral e as heteronomias éticas e legais. Desenvolve-se pensar, sentir e atuar humano enquanto profissional da saúde, o que não pode estar desvinculado do caráter, do temperamento e, evidentemente, da personalidade.
A Bioética da Beira do leito entende que a beira do leito admite um construto de aprendizagem autorregulada que envolve a cognição, a emoção e o comportamento e que se beneficia da contribuição da Bioética para forjar as responsabilidades necessárias nas cotidianas tomadas de decisão, nos sucessivos processos de escolha e na obrigatória atenção à informação.
Esta aprendizagem autorregulada tem como pano de fundo a consciência do valor de um manto protetor sobre cada passo profissional de deliberação sobre bom ou mau, aplicação do bom senso e uso da inteligência. Em suma, abrigar-se etica, moral e legalmente para fazer ou não fazer.
É comum que ao longo da condução de um caso fique confuso se houve predomínio do fazer ou do não fazer. A Bioética da Beira do leito entende que na maioria das vezes, o fazer vem do interior do profissional da saúde alinhado ao conhecimento e à habilidade e o não fazer do exterior, dos aparelhos prescritivos como o Código de Ética Médica e seu caput É vedado ao médico. Neste contexto de propósito de fazer e apropriado não fazer, evidentemente, a contemporaneidade da beira do leito situa a voz do paciente de manifestação de consentimento ou não em posição superior entre as influências do fazer ou não fazer.
