A beira do leito é um ecossistema e como tal convive com bióticos e abióticos. Uma diversificação pouco vista em outros ambientes profissionais. Provoca muitos contatos inter-subjetivos motivando recortes analíticos sempre pedagógicos.
A Bioética da Beira do leito tem um interessante etnográfico sobre a beira do leito, ou seja, almeja retratar as vivências do modo mais realista dos bióticos que participam, bem como suas relações com os abióticos. Cheia de realidades, a beira do leito ética rejeita palavras vazias e uma de suas expressões humanas é a alquimia entre a ciência e a comunicação.
Há inúmeras modalidades de práticas na beira do leito, rotinas acontecem, dilemas se sucedem e a imprescindível condição de um espaço humano requer aplicações do significado dos valores morais, a fim de criticamente subsidiarem as obrigações e responsabilidades com o que se entende que deva ser considerado certo/bem/bom.
O principialismo na Bioética trouxe uma linguagem moral para a beira do leito com o intuito de cooperar com a mais adequada integração entre ciência e humanismo. Ele possibilita diversificar ângulos de apreciação. o que qualifica a sustentação de convivências de distintas visões de certos, bens e bons em mesmo caso.
É conveniente não perder oportunidade para re-enfatizar o potencial de contraposições entre beneficência, não maleficência e autonomia. Ele incide sobre a prudência nas distinções entre indicação, não indicação e contraindicação de mesmo método em função das circunstâncias gerais e individualidades.
O médico contemporâneo precisa ter em mente que respeitar os princípios da Bioética contribui para os ajustes às especificidades das situações, sabendo que, entretanto, a autonomia como direito do paciente adquire status hierarquicamente superior no processo de tomada de decisão quando há conflito de princípios. Um respeito à pessoa que pode até desrespeitar a ciência, embora a intenção seja sempre da conciliação, aliás raz~]ap para o paternalismo brando.
Apensa a bastidores individualizados, a manifestação de consentimento livre e esclarecido pelo paciente é momento Sim ou Não que faz sobressair desejos, preferências, objetivos e valores do paciente como suficientes para acrescer um respeitável (não)certo, (não)um bem ou (não)um bom ao benefício/não maleficio visto pela tecnociência.
Desenvolve-se uma realidade específica que fala mais alto do que proposições cientificamente desenvolvidas e que não pode deixar de ser documentada para evitar caracterizar imprudência profissional. Aproveitando a comparação feita por um aluno sobre o não consentimento pelo paciente ao término de uma investigação diagnóstica: “… professor, quer dizer que é como a gente sentar na mesa do restaurante, receber o cardápio do garçom, receber a informação detalhada sobre os pratos, não gostar do conteúdo, levantar-se e ir embora apesar da fome?…”. A resposta foi trabalhosa mas didática.
A Bioética da Beira do leito alerta para a necessidade que o profissional da saúde passou a ter de lidar com crenças, valores e normas, o que exige uma integração entre rigor tecnocientífico, abertura para o desconhecido/imprevisível e tolerância a contra opiniões. Propor o ideal e aplicar o consentido é cotidiano moral na beira do leito contemporânea. Conceitos e estratégias alinhados à beneficência e à não maleficência passando pelo filtro da autonomia como forma com alto contexto social de resolver pela comunicação as inúmeras posições contraposições da beira do leito.