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CBio 24- Consentimento pelo paciente e prática clínica na vida real

 

IMG_7962Antonio Mendes Neto

 

Sou médico há 36 anos e acompanho todos os movimentos da prática médica ao longo destes anos.

Acredito que a questão da obrigatoriedade de consentimento pelo paciente está ainda muito ligada aos trabalhos clínicos, levados a termo por instituições universitárias, governamentais ou da indústria privada.

No dia a dia da assistência, creio que a questão  da  obrigatoriedade é, em sua maioria, deixada de lado.

Óbvio que, quando estamos diante de pessoas com maior grau de esclarecimento a respeito de sua situação de saúde, cada vez mais nos deparamos com a manifestação da opção pessoal das mesmas em relação aos métodos de diagnóstico e de tratamento. Algumas vezes até, contrariando aquilo que é a nossa recomendação baseada sempre na literatura médica ou na experiência adquirida ao longo dos anos.

Hoje, com o advento da internet e dos sites de busca, muitas vezes os pacientes já chegam  com informações, frequentemente mal compreendidas a respeito de sua saúde.

Nas pessoas com menor grau de instrução ou mesmo naquelas com pouco conhecimento da doença para a qual o tratamento ou exame é necessário, a figura paternalista e/ou imperialista do médico ainda prevalece.

Na minha prática diária, em relação ao tratamento farmacológico, a principal demanda dos pacientes para a aceitação da orientação é pelo custo da medicação, sendo que ela foi exacerbada com a implementação do programa do governo federal chamado de “farmácia popular”. Em função dela, muitas vezes temos que fazer alterações na prescrição, baseado na solicitação dos pacientes para  se utilizarem daqueles fármacos selecionados, mesmo que em algumas situações eles não se encaixem adequadamente no perfil de necessidade do doente.

A situação do consentimento pelo paciente é de forma mais adequadamente utilizada no dia-a-dia, quando há a necessidade de um exame diagnóstico invasivo ou de um procedimento cirúrgico. Na maioria destes casos, o aceite do paciente é extremamente necessário e, inclusive, com ou sem o aval de familiares. Mesmo assim, em grande número de situações a imposição da conduta pelo médico é o que prevalece e eu diria, tal atitude é aceita pelos pacientes.

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