O Brasil tem tradição em novelas. As primeiras foram radionovelas. A pioneira de longa duração foi a mexicana Em Busca da Felicidade, apresentada pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro, em horário matutino, 3 x por semana, na década de 40, com patrocínio voltado para a mulher ouvinte e que permaneceu no ar por cerca de 3 anos. A novidade associou-se a um grau expressivo de veracidade e de popularidade.
O médico Dr. Mendonça era representado pelo ator carioca Floriano Faissal (1907-1986). A teatralização passava uma imagem extremamente simpática e de compaixão do personagem. Em sua biografia, ele conta que ouvintes entravam em contato desejando consultas para os seus males de saúde. Um caso foi marcante: Uma idosa o procurou desejando que ele resolvesse o seu problema de fígado, que lhe receitasse um medicamento. Ele lembrou-se de uma infusão de folha de abacateiro que lhe davam na infância, que era consumido como chá gelado no lugar de água. E aí “prescreveu” para a “paciente” nas dependências da emissora.
É de se imaginar que, pelas circunstâncias, tal recomendação tenha se acompanhado de alto poder de efeito placebo.