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325- Bioética veterinária

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Crédito: http://mundoestranho.abril.com.br/mundo-animal/como-se-explica-a-rivalidade-entre-caes-e-gatos/

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A atual interação família humana-animal tornou inaplicável antigos significados. É o caso da imagem negativa do cão em leva vida de cachorro e na ligação ao demônio e ao canalha e da do gato como traiçoeiro e associado a superstições. Ponto marcante da sociabilidade foi a decisão de permissão pelos Shoppings da entrada de cão acompanhado do dono, onde, expressões afetivas podem ser testemunhadas, como dar café em xícara na boca.

Os dados do Brasil impressionam. Há mais animais de estimação do que crianças,  a população de cães e gatos vivendo em domicílios está no podium do mundo, existem disponíveis mais de 200 cursos de Medicina Veterinária e há mais de 100 mil veterinários atuantes.

Este “pertencimento familiar” traz uma série de pensamentos, comportamentos e normatizações. Faz desejável uma estrutura multidisciplinar e interdisciplinar para cooperar com decisões concernentes, como a Bioética. Com satisfação verifico que em abril de 2017 ocorrerá o IV Congresso Brasileiro de Bioética e Bem-estar Animal visando discussões sobre “evolução da ciência, melhor interação homem/animal e relação com a natureza”.

Na década de 90 do século passado, Antonio Rogerio Magri (nascido em 1940) usou o carro oficial de ministro do Trabalho e da Previdência  do governo Fernando Collor de Mello para levar seu animal de estimação ao veterinário. Flagrado no desvio de finalidade pública, fez a estranha declaração que entrou para a história: “A cachorra é um ser humano, e eu não hesitei”. O afeto sobressaíra a sistematizações sobre o reino animal.

Em várias cidades do Brasil de hoje, milhares de cães e gatos são levados ao veterinário em carros particulares dos donos, raramente por transporte público, num status de “humana consideração” com saúde e bem-estar dos animais. Centros modernos reúnem assistência médica clínica e cirúrgica, internação, day care, vacinação, odontologia, fisioterapia, hotelaria, farmácia, banho e tosa. A vida de cão repaginada.

A crescente inclusão de animais domésticos na vida familiar com analogias a apreciações morais da sociedade em geral, preocupação com moradia, nutrição, reprodução, assistência ambulatorial e hospitalar, pesquisa científica na busca de evidências de benefícios e não malefícios, evitação de sofrimento, exploração e crueldade e relações com o meio ambiente  acontece com implicações de ordem legal e financeira. Olhares críticos não faltam, como o verbalizado pelo Papa Francisco : “… Precisamos não confundir a piedade com a comiseração, que consiste só em uma emoção superficial, que não se preocupa com o outro… Não se pode entender a compaixão com os animais, gente que cuida de gatos e de cães e fica indiferente perante o sofrimento do próximo, deixa sem ajuda o vizinho que passa fome…” http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2016/05/14/ha-quem-sente-compaixao-por-animais-mas-se-esquece-do-vizinho-diz-papa.htm.

Certamente, a Bioética veterinária é útil para acompanhar este olhar de equilíbrio entre interesses humanos em geral e interesses dos animais. Há muitos cenários de destaque da Bioética sobre animais domésticos em convivência familiar (Quadro). Eles são parte de um amplo espectro de interesses que inclui animais como alimento, como matéria prima para vestuário, como “trabalhador” – a figura do burro de carga em contraste com acompanhante de deficiente visual, vigia, “segurança” e rastreador de droga ilícita em aeroportos, como “sujeito” de pesquisa e de treinamento na área da saúde, como “esportista”- doping em corridas-, como “recreacionista”- em zoológicos e circos-, como ícone religioso- vaca sagrada na Índia-, como fonte ilegal de lucro – comércio de espécies em extinção-, como objeto de preservação da vida selvagem e preservação ecológica, bem como partícipes de novidades científicas como clonagem e doação de órgão para transplante em humano.

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O humorista e escritor estadunidense Samuel Langhorne Clemens, o Mark Twain (1835-1910) deixou para a história: Se você adota um cão faminto e o torna próspero, ele não o morderá. Esta é a principal diferença entre o cão e o homem. Profundo!

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