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HM4-Uma pequena radiografia, um enorme benefício social

Poucos médicos brasileiros foram homenageados pela adoção do nome no método inovador de sua autoria. Um dos epônimos foi o paulista Manoel Dias de Abreu (1894-1962). Ele  inventou um método radiográfico de grande utilidade para o diagnóstico da tuberculose pulmonar. A fotografia do écran fluorescente sob a ação dos raios X passou a ser conhecida como abreugrafia. A radiografia em tamanho reduzido tornou-se de grande utilidade para o diagnóstico da tuberculose pulmonar. Num passado não muito distante, um dos usos da chamada Radiologia Social era servir de triagem para a admissão de candidatos a empregos.

Abreu verificou pela primeira vez, enquanto estagiário na França,   a possibilidade de detecção da tuberculose pulmonar em larga escala e baixo custo, que desenvolveria no Brasil após dispor de aperfeiçoamentos técnicos da fotografia. O médico, professor de Radiologia e escritor baiano Itazil  Benício dos  Santos, quem escreveu o livro  Vida e Obra de Manoel de Abreu – o Criador da Abreugrafia, registrou  uma passagem ocorrida no Hôtel-Dieu,  coincidente com os primórdios do novo método. O episódio é do interesse da Bioética, pois  já  profetizava, há cerca de 100 anos, o atual pensamento que se a Clínica é Soberana,  a Imagem é Poderosa.
Transcrevo o texto como publicado por Rubens Bedrikow  no Jornal de Pneumologia de 2001 (http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-35862001000100010&script=sci_arttext.):

“… Depois de examiná-lo, exaustivamente, conforme as normas de propedêutica clínica, através da percussão e da auscultação, disse (o professor  Gilbert), descansando sobre a mesa o estetoscópio, em tom categórico: ¾ Não há nada de anormal no tórax. Não se trata, certamente, de uma afecção pulmonar, ou pleural. Mas… Você, de Abreu, vai levá-lo ao laboratório de Radiologia… A chapa confirmará o exame clínico… Feita a chapa, Abreu levou-a ¾ ainda molhada e presa aos grampos com os quais deveria voltar à solução fixadora, ¾ a seu mestre… Tomando a chapa nas mãos, Gilbert suspendeu-a em face da janela, para examiná-la por transparência… Não pôde esconder mais do que a sua surprêsa, o seu espanto, ante o quadro que se lhe deparava aos olhos, de uma tuberculose avançada, complicada de piopneumotórax…”.

Ironia do destino,  a causa-mortis de Manuel de Abreu foi câncer do pulmão.

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