PUBLICAÇÕES DESDE 2014

CBio1-Cria-se um Espaço para “Bioeticar”

JaniceCaron-150x150                                                                              Dra. JANICE CARON NAZARETH

Os cursos de ética, como propostos nos modelos antigos, são claramente insuficientes, sob a luz dos conhecimentos atuais, para atender à necessária formação humanística dos atuais e futuros profissionais da saúde.

Torna-se fundamental, portanto, que, mais do que o ensino de Medicina legal e Deontologia pelo modelo passivo  de ensinar-aprender com aulas magistrais,  se adotem  lições de Bioética,  adotando  o  modelo  socrático,  com ampla integração docente-discente-realidade social, como propõe o  Prof. Dr.  José Eduardo Siqueira, da PUC do Paraná.

Os debates do modelo socrático  promoverão  duas consequências importantes.

A primeira delas trata da percepção das habilidades cognitivas e afetivas dos alunos, que refletirão  e  se conhecerão melhor, mas também ouvirão  e  aprenderão a respeitar os pontos de vista diferentes dos seus, assim como  a estabelecer  e  comunicar  sem receio  suas   mudanças de opinião, ou a argumentar,  propiciando  as mudanças  dos  outros, quando isso se fizer necessário.

A segunda   entende que  os alunos deverão ter contato com a pluralidade da nossa sociedade, convivendo com pessoas diferentes do ponto de vista social e cultural e com diversas profissões relacionadas. Isto lhes trará  noção de transdiscipinaridade  e  despertará sentimentos  como compaixão, solidariedade, respeito e justiça, levando ao aprimoramento da  sensibilidade, raciocínio, comprometimento e percepção morais.

Treinado durante toda a graduação, esse processo  permitirá aos jovens a compreensão das diversidades culturais e pessoais, passando a  respeitá-las, e trará  melhor entendimento do percurso que leva o ser humano da anomia (falta de objetivos e perda de identidade provocada pelas intensas transformações do mundo social) à autonomia (liberdade do indivíduo em gerir livremente  sua vida, efetuando racionalmente as suas próprias escolhas). Sendo assim,  haverá  modificação na  maneira de utilizar a  abundância de novos conhecimentos e recursos técnicos,  com  a moderação necessária para a adequada tomada das decisões clínicas.

Esse deverá ser um exercício constante de tolerância, prudência e acolhimento, que aprendido na escola e bem orientado por  mestres capazes, acompanhará os profissionais pela vida afora, com treinamento para evitar preconceitos, promovendo a  incorporação de valores, como humildade, respeito e grandeza de alma para reconhecer  e corrigir os erros que, certamente, serão cometidos.

Dessa maneira, a Bioética exercerá seu papel de “ponte para o futuro”, como definida por  Van Rensselaer Potter em 1971, solucionando e instigando novos problemas, contemplando as interfaces  entre tecnociência e humanidade e o  “encontro agapeano  entre gerações”, como  propõe o Professor Emérito William  Saad Hossne, da FMUNESP de Botucatu.

Segundo sugestão deste emérito professor, sumidade da Bioética brasileira, parodiando  Epícuro , “nunca é cedo ou tarde demais para bioeticar”,  tornando mais puro e abrangente  o olhar aos nossos pacientes e seus familiares  e aos nossos colegas de trabalho.

Para proporcionar a possibilidade de se ampliar esse  “encontro agapeano” e a construção da “ponte para o futuro”, de maneira constante e muito além das salas de aulas  ou conferências,  o Prof.  Dr. Max Grinberg nos brinda com um espaço para “bioeticar”, onde conflitos bioéticos do dia a dia poderão ser colocados e debatidos.

COMPARTILHE JÁ

Compartilhar no Facebook
Compartilhar no Twitter
Compartilhar no LinkedIn
Compartilhar no Telegram
Compartilhar no WhatsApp
Compartilhar no E-mail

COMENTÁRIOS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POSTS SIMILARES